O diretor de cinema iraniano Abbas Kiarostami morreu aos 76 anos. De acordo com o jornal britânico The Guardian, a morte foi confirmada ainda no domingo pela agência de notícias semi-oficial Isna, e depois pela casa de cinema do Irã. Kiarostami foi diagnosticado com câncer gastrointestinal em março deste ano.
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Um dos principais cineastas do mundo, Kiarostami se tornou conhecido no Irã nos anos 1970, com diversos curtas-metragens e longas como Mossafer (1974). O relatório (1977), exibido em histórica sessão na Sala P.F. Gastal no mês passado, como parte da mostra Um filme, cem histórias: Abbas Kiarostami, foi o título de sua transição, das produções de caráter realista para o cinema inventivo situado na fronteira entre ficção e documentário.
A mudança na carreira coincidiu com a Revolução Islâmica, que na virada dos anos 1970 para os 80 instaurou no seu país o regime teocrático dos aiatolás – e passou a perseguir cineastas e artistas iranianos em geral. São das décadas de 1980 e 1990 a maior parte de suas obras-primas, como Onde fica a casa do meu amigo? e Close-up, com os quais conquistou as plateias ocidentais.
Através das oliveiras, Gosto de cereja e O vento nos levará lhe garantiram prêmios nos principais festivais do mundo (Gosto de cereja levou a Palma de Ouro em Cannes). Nos anos 2000, sobretudo a partir de Dez, Kiarostami aprofundou sua investigação estética, passando a refletir, mais do que sobre a fronteira entre ficção e documentário, sobre realidade e simulacro. São assim seus últimos filmes, Cópia fiel (2010) e Um alguém apaixonado (2012), o primeiro rodado na Itália, e o segundo, no Japão.
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Este último foi o filme de abertura da mostra Um filme, cem histórias: Abbas Kiarostami, que trouxe à Sala P.F. Gastal, à Cinemateca Capitólio e à Sala Redenção alguns de seus trabalhos fundamentais. No circuito comercial de Porto Alegre, no entanto, o longa permaneceu inédito.
Kiarostami havia sido convidado, no final de junho, para participar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar. O anúncio foi feito com festa pela Academia, que celebrou uma presença maior de minorias étnicas e de gênero – das 683 pessoas convidadas, mulheres são 46% do total, enquanto minorias étnicas são 41%, disse a Academia à época.