As alternativas para abastecimento de milho estão entre os temas do Misosul, Reunião Técnica Sul-brasileira de Pesquisa de Milho e Sorgo, que desde terça-feira reúne mais de 200 pesquisadores no Salão Nobre da Unochapecó.

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Durante o evento ocorrem apresentações de pesquisas e palestras. De acordo com o pesquisador do Centro de Pesquisas da Agricultura Familiar da Epagri de Chapecó e presidente da comissão organizadora, Felipe Bermudez Pereira, normalmente esses encontros ocorriam de forma separa nos estados e, pela primeira vez estão reunidos num único evento.

– Nosso objetivo é criar grupos integrados de pesquisa e também sugerir políticas públicas para incentivar o cultivo de milho e sorgo – destacou Pereira.

Santa Catarina por exemplo tem um déficit histórico entre o consumo e a produção de milho, que chegou a 3,6 milhões de toneladas no ano passado. O governo do Estado até tem investido em subsídios de sementes e calcário, mas a área plantada foi de 342 mil hectares no ano passado, menos da metade do que era nos início dos anos 2000. Um dos motivos é que o custo de produção é mais caro do que da soja, que aumentou sua área.

Por isso a Epagri de Chapecó desenvolveu pesquisa de variedades mais acessíveis. Ela não tem o potencial de produtividade de algumas sementes que custam R$ 900 a R$ 1 mil por saca, que podem passar de 200 sacas por hectare. Mas, segundo o pesquisador da Epagri, com bem menos investimento podem chegar a 150 sacas por hectare.

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– São variedades mais rústicas, adaptadas ao nosso clima, a propriedades de agricultura familiar e com boa produtividade. Para plantar um hectare o agricultor gasta apenas R$ 160 por hectare, que é o valor de suas sacas de semente. No ano passado comercializamos 35 mil quilos que beneficiaram 800 produtores. Estamos buscando parceiros para multiplicar sementes e beneficiar mais famílias – destacou.

Outra pesquisa da Epagri é focada no aumento da produção de leite na região Oeste, que representa quase 80% da bacia leiteira do Estado.

A Epagri está desenvolvendo variedades específicas para silagem, que já tem mais de 200 mil hectares cultivados. O objetivo é uma planta com melhor rendimento de grão, sabugo mais fino e com melhor digestibilidade.

Um dos participantes do evento, o analista Haroldo Tavares Elias, do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri, acredita que não deverá ocorrer grande oscilação nas áreas de milho e soja para a próxima safra.

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O milho está em R$ 31 a R$ 32 a saca em Chapecó e, apesar da boa safra nacional, próximo de 100 milhões de toneladas, já foram exportadas mais de 10 milhões de toneladas, podendo chegar até a 30 milhões até o final do ano. Isso deve manter o preço ao produtor no mercado interno. A soja também mostrou recuperação na última semana, passando de R$ 67 para R$ 71, influenciada pela instabilidade comercial entre Estados Unidos e China. Os chineses são os maiores compradores da soja brasileira.

O Misosul encerra nesta quarta-feira com palestra sobre o cultivo de sorgo na região sul, que pode ser uma alternativa para o déficit de milho.