O Diário Catarinense entrevistou os seis candidatos à prefeitura de Joinville. Confira abaixo a entrevista com o candidato Doutor Xuxo (PP):
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O senhor é medico e os joinvilenses consideram a saúde o maior problema da cidade. O que está errado?
Quando se faz sempre a mesma coisa, se obtém sempre os mesmos resultados. Temos que inovar. Inovar no tipo de atendimento. O que eu quero dizer? Se você tivesse agora um problema, um mal-estar. Você iria sair correndo para o pronto-socorro ou passaria a mão no telefone e pensaria “quem é o médico, doutor que eu conheço, para me orientar?”. Seguramente, se você lembrasse de alguém, você telefonaria. E o médico te daria uma orientação. A primeira grande reclamação é a fila. Você vai às 3 horas para pegar uma senha e, quando dá 8 horas, são só 20 consultas. Esse é o grande problemas. Vamos instalar o Saúde na Linha. É um grupo de médicos, acho que vai precisar em torno de 30 médicos. Serviços que já existem e que já fazem isso. Antes de sair de casa, temos de educar a população, ter um cadastro. Antes de sair de casa, liga para um 0800 e um dos doutores vai atendê-lo. O que o indivíduo precisa? Ele quer falar com o médico. Então telefona e será atendido. O médico faz um aconselhamento, não significa consulta, e aí o indivíduo vai ver. Uma hora, duas horas depois, volta a telefonar. Se o caso resolveu, acabou a consulta. Se por acaso o problema persiste, uma equipe de saúde irá até a casa dele para verificar se o problema é mais grave. Se puder ser resolvido com esta equipe de saúde, será resolvido na casa do indivíduo. Se não puder, vai ser levado para o pronto-socorro. Isto diminui em 70% o número de atendimentos nos postinhos e PAs.
Mas toda uma estrutura precisaria ser criada. Em quanto tempo viabilizaria?
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Não sei em quanto tempo vamos viabilizar, mas será em muito menos tempo do que eu criar duas ou três policlínicas em uma cidade que tem quase 600 mil habitantes. Para ter especialistas, etc, eu teria que criar. Tem três PAs que estão cheio, teríamos que ter policlínicas. Isto vai custar um dinheirão. Vamos tentar reduzir o número de pessoas que vão ao postinho atendendo elas em casa. Existe uma lista de mais de 40 mil consultas, 20 mil exames e mais de 10 mil cirurgias a serem feitas. Para as consultas e exames, temos que inovar. A cidade tem 1,3 mil médicos e um grande número de especialistas. Vamos pagar uma consulta médica com o preço da cooperativa médica que existe. O indivíduo precisou de um cardiologista, naquela consulta por telefone saberemos quem é o cardiologista que tem vaga e ele vai ser atendido lá no consultório do cardiologista. O que ganha a prefeitura? Primeiro que vamos tentar limpar a lista. Segundo, a prefeitura não vai gastar um centavo em construção, água, luz, telefone, manutenção. O que o doutor vai ganhar é a consulta. Aí também não precisa verificar se o doutor está no serviço, se faltou.
É vantajoso para o profissional receber essa demanda extra pelo preço do plano?
O preço do plano é negociado. É aquilo que ele recebe da sua própria cooperativa. Se ele aceita o preço da cooperativa, por que não vai aceitar o preço da prefeitura? Se ele atende na cooperativa os operários das diferentes empresas, por que não vai aceitar pelo mesmo preço da cooperativa os operários do SUS? Acho que é por aí.
O que pretende fazer em relação ao Hospital São José?
Ele precisa de um grande sistema de controle. Quando uma pessoa, um doente, é internado no hospital, o médico interna e o doutor marca o dia da cirurgia quando ele pode. Não é quando o hospital pode. Essa é a primeira coisa a ser modificada. Precisamos ter lá uma agenda de todo mundo. As cirurgias serão marcadas conforme a agenda do hospital e os médicos contratados do hospital. A cirurgia será marcada quando tiver o leito hospitalar, o medicamento e a prótese que a pessoa necessita. Esse controle todo há necessidade de se fazer. Também acho que Joinville… Do trilho do trem que passa na avenida Getúlio Vargas para o sul tem 250 mil habitantes. Seria a quinta cidade de Santa Catarina em população. Lá, o último equipamento médico de maior porte é o PA, que foi construído 30 anos atrás. A zona sul precisa de um grande hospital e que seja regional, atenda as cidades vizinhas. As cidades vizinhas não têm porte para atender cirurgias maiores, ressonância magnética…
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O que precisa ser feito é que, administrativamente, Joinville receba pelos atendimentos de pacientes de outras cidades.
Hospital regional do Estado? Tem de ser um hospital público. Não estou dizendo que vamos construir, estou dizendo que existe necessidade. O governador diz “eu construo, mas eu não toco hospital”. Tem que ser uma Organização Social, alguma coisa dessas. O custo de um hospital é altíssimo. O preço que o SUS paga é defasado. Mas aí tem outro problema. O Ministério da Saúde gasta R$ 110 bilhões, é o maior orçamento do Brasil, e o país está em crise. E, seguramente, haverá cortes.
Como lidar com esse cenário?
Inovando. Tem que inovar. Não podemos fazer o que estamos fazendo hoje. Precisa haver um início disso. Não se pode ignorar o problema. Qual o problema da eleição? O político promete e está completamente desacreditado. Não estou prometendo um hospital na zona sul, estou dizendo que é necessário e é necessário correr atrás.
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Que mudanças vê necessárias na máquina da prefeitura?
Temos um funcionalismo público de primeira categoria se quisermos. Ele pode ser motivado se ele acreditar que ele realmente é uma pessoa-chave para o desenvolvimento da cidade. Se você abandonar a pessoa, achar que é mais um, seguramente ele não terá aquela vontade, aquela força para sermos juntos uma das dez melhores prefeituras do país. É o que acho que devemos ser. Quero implantar lá o que eu implantei na Fundação Pró-Rim. Fui presidente por 20 anos e fomos uma das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil há sete anos. É importante, do ponto de vista administrativo, informatizarmos de fato a prefeitura. Informatização passa pela escola, saúde, nas licenças. Muita coisa poderá ser feita nos bairros se tivermos realmente equipamentos, subprefeituras, que atendam todos os setores público.
Como o senhor se define politicamente?
O país precisa de uma ampla reforma política porque os partidos não têm ideologia. A sigla partidária é uma obrigatoriedade para você ser candidato. Se eu pudesse ser candidato sem partido eu seria. Porque não dá para acreditar em partido nenhum. É a grande verdade. Como eu escolhi o PP? Pela moralidade nacional? Claro que não. O PP nacional é tão imoral quanto o PMDB, quanto o PT, qualquer outro deles. Não escolhi um pequeno partido porque os pequenos são todos de aluguel. Todos negociam sua sigla pelo tempo de televisão. Veja aqui em Joinville quem está apenso a quem. Todos eles negociaram. Vão lotear o próximo governo, fora o que acontece durante a reeleição. Fui para o PP porque fui falar com as pessoas que compõem o PP de Joinville. Tem figuras maravilhosas como o Eni Voltolini, Moacir Thomazi, e outros membros que são pessoas idôneas. Desde o primeiro minuto tudo foi feito muito às claras. Achei que era o melhor local para me estabelecer e me candidatar. Fiquei chapa pura e tenho só 48 segundos na televisão. O que eu fiz? Estou fazendo um programa de 20 minutos por dia na internet. O indivíduo pode conversar comigo, é um espaço muito mais democrático.
O senhor escolheu um vice ligado à segurança pública. Como atuará nessa área, que é de atribuição estadual?
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Não é estadual, é uma área de todos. Acho que a prefeitura pode contribuir muito. Aqui existe uma central de controle e essa central precisa ser ampliada. A prefeitura pode ter um papel de coordenação dos diferentes agentes de segurança. Tem a Polícia Militar, a Civil, a Guarda Municipal, os agentes de trânsito e outros. Pode haver uma coordenação. Tem que haver uma interlocução, inclusive com a segurança privada. A prefeitura pode melhorar a iluminação nas praças, em locais de perigo. Pode colocar câmeras de vigilância também. É um papel de todos.
Seu irmão foi deputado estadual, federal, vice-prefeito. Que papel ele teria em seu governo?
Graças a Deus que temos o José Carlos Vieira do nosso lado. Tem a experiência de quatro gestões como deputado federal. É uma pessoa formada, especialista em planejamento urbano. Já foi presidente do Ippuj. Seguramente terá um papel de aconselhador muito importante. Não sei se posso colocá-lo na prefeitura em virtude de ser meu irmão. Mas que terá um papel público importante, certamente vai.
Nuvem de palavras do candidato: