Operações recentes das polícias Civil e Militar, que terminaram com a morte de suspeitos de crimes, despertaram uma ampla discussão nas redes sociais nos últimos dias. Dados mostram que o número de óbitos em confronto com agentes aumentou 72% na comparação entre os primeiros meses de 2013 e 2014.

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O confronto do último domingo, quando cinco bandidos foram mortos por agentes da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil, em tentativa de assalto a um banco em Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis, foi o principal propulsor do debate.

:: Mural DC:

Qual sua opinião sobre confrontos policiais que terminam com morte?

Entrevista:

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George F. de Lima Dantas

Doutor com pesquisa sobre a atuação das polícias brasileira e norte-americana

Diário Catarinense – Apesar de estar entre os Estados com menor número de homicídios a cada 100 mil habitantes, Santa Catarina apresenta polícias Civil e Militar entre as mais letais do país. O que pode justificar essa divergência?

George Dantas – A criminalidade se tornou translocalizada. Isso significa que você não precisa ter exatamente um bandido catarinense praticando crimes no Estado. Isso pode ajudar a entender a violência, apenas da situação de aparente segurança do Estado.

DC – Em um caso recente, onde a Polícia Civil provocou cinco mortes de bandidos ao evitar um assalto a banco em um município da Grande Florianópolis, quando muitos comentários da população local reverenciaram o resultado da operação. A população, nesse caso, não estaria incentivando uma atuação mais violenta da polícia?

Dantas – Há um termo que usamos na universidade que é o “Pânico Moral”, que é a sensação de insegurança que a população tem. Na maioria dos casos, é uma espécie de revanche que esse pessoa tem com relação ao bandido que fez mal a ela ou alguém próximo.

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DC – Por que a população parece enérgica com alguns crimes, mas permissiva com outros, como corrupção em órgãos públicos?

Dantas – Há uma permissividade com a corrupção porque ela não tem interferência imediata na vida do cidadão. No entanto, quando essa pessoa ou alguém próximo a ela é roubado, por exemplo, a violência é percebida na mesma hora. Enfim, este último crime é mais tangível.

DC – Como mudar o comportamento das polícias, se a própria população parece referendar a violência?

Dantas – A Organização das Nações Unidas (ONU) prescreve o uso progressivo da força. Uma das obrigações é o manuseio de armas menos letais em operações. Isso pode ajudar a diminuir a letalidade. Com essa política de uso progressivo da força, os Estados Unidos apresentam cinco vezes menos homicídios do que o Brasil, proporcionalmente.

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