A oficialização da construção de uma montadora da BMW em Araquari, que ocorreu nesta semana, vai mudar o cenário do terreno vazio no km 65 da BR-101. A expectativa é de que máquinas comecem a terraplenagem nos próximos dias.
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Enquanto isso, executivos da empresa alemã trabalham para organizar o berço da BMW em Joinville, no Perini Business Park, onde vai funcionar um centro de treinamento a partir de junho. Mas nem tudo é trabalho.
Além de cuidar dos preparativos para a atuação da montadora no Norte do Estado, estes profissionais – que hoje moram em outros Estados ou países – também precisam se preocupar com questões pessoais.
Um time de executivos e gerentes está de malas prontas para morar na região. E as negociações com fornecedores para as necessidades mais essenciais, como lugar para morar e escola para os filhos, já começou.
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Mudança sempre dá trabalho. A dificuldade é ainda maior quando o cuidado com toda esta logística tem que ser combinado com atividades rotineiras. Imagine, então, se a nova vida será construída do outro lado do mundo.
Os primeiros executivos da BMW que estão trabalhando na montagem das unidades de Joinville e Araquari estão sentindo isso na pele.
Além de buscar fornecedores para as obras e fechar parcerias para encontrar mão de obra – a expectativa é de que o Grupo Meta seja confirmado como recrutador da empresa nos próximos dias -, estes profissionais também estão em busca de casa, escola para os filhos e até aulas de português.
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No caso da BMW, os profissionais que já trabalham na região estão preferindo casas e alguns até já matricularam os filhos em locais como a Escola Internacional da Sociesc.
– As necessidades deles começam pela documentação. Todo o trâmite migratório junto ao Ministério do Trabalho para conseguir o visto -, conta Patrícia Schiavon, gerente da GInter, empresa de São Paulo que presta consultoria para os chamados “expatriados”, profissionais de uma empresa que trabalham em unidades de outros países.
– Mesmo antes de viajar ao novo país, eles começam a busca por imóveis e instituições de ensino. Para isto, costumam ser feitas entrevistas via internet para saber as necessidades deles -, acrescenta Danielle Santos, da Intercultural Coaching, empresa joinvilense que também faz este tipo de consultoria.
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– Os europeus costumam preferir casas pelo espaço, pois lá isso é muito caro -, diz Danielle, que acrescenta ainda que boa parte dos estrangeiros precisa de assessorias para tarefas simples, como fazer compras.
– Imagine um sul-coreano ou um alemão que nunca esteve no Brasil ter que fazer compras, contratar um encanador ou escolher um pediatra para o filho, por exemplo. Damos este tipo de auxílio -, acrescenta Danielle.
– O desafio é alinhar as expectativas do expatriado para que ele queira vir e fique feliz na nova cidade. Com o mesmo padrão de vida do exterior -, explica Patrícia.
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Primeira casa aqui

Funcionários que falam alemão foram o diferencial para o hotel administrado por Paulo. Foto: Maiara Bersch/Agência RBS
Pelo menos oito executivos da BMW já estão morando, ainda que de improviso, em Joinville. E a primeira casa deles é o Hotel Mercure Prinz. Acostumado a atender a executivos estrangeiros de outras empresas, o local não precisou fazer adaptações para recepcionar os funcionários da BMW.
– Temos profissionais que falam alemão e isto influenciou na escolha deles -, afirma o diretor de operações do hotel, Paulo Roberto Caputo.
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O fato de pertencer a uma bandeira internacional, da qual a marca já é cliente em outros países, também pesou muito.
– Foi um processo demorado para ser fornecedor. Passamos por homologação -, conta.
Caputo destaca que estes primeiros hóspedes são apenas um começo da movimentação que a BMW deve promover na rede hoteleira.
– Fornecedores de outros Estados virão para cá, clientes, mais funcionários. Haverá demanda para todo tipo de estabelecimento. Desde a hotelaria, até restaurantes e passeios -, diz.
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– A BMW vai trazer desenvolvimento e marketing para toda a região. Se a presidência da empresa ficar aqui, será uma grande vitória -, destaca Paulo Roberto.
Filhos já estão matriculados

Sílvio conta que funcionários do Ielusc estão melhorando fluência em alemão. Foto: Rodrigo Philipps/Agência RBS
A educação dos filhos foi um dos primeiros cuidados dos executivos na hora da mudança. Colégios que trabalham em outros idiomas, como a Escola Internacional da Sociesc e o Bom Jesus/Ielusc, estão entre as instituições que devem receber as crianças estrangeiras.
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– Estamos recebendo filhos de executivos de vários lugares, tanto da BMW quanto de empresas de apoio. Da BMW, 22 crianças vieram com os pais para conhecer a escola. E já temos crianças matriculadas. A maior parte dos visitantes era da Alemanha, mas há também italianos e outros estrangeiros que já moravam em São Paulo -, conta Elza Giostri, diretora da Escola Internacional da Sociesc.
O Bom Jesus também deve ter matrículas de alunos estrangeiros ainda neste ano letivo.
– A principal preocupação destas famílias é a continuidade dos estudos no mesmo grau de ensino. Como muitos voltarão às suas cidades de origem em um espaço curto de tempo, querem garantias de que o aluno não terá dificuldade em acompanhar o ritmo da antiga turma -, explica Sílvio Iung, diretor-geral do Bom Jesus.
A Escola Internacional da Sociesc já é certificada internacionalmente para educar em dois idiomas. Ou seja, o diploma que os alunos recebem são facilmente aceitos em outros países.
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Já o Bom Jesus, que trabalha fortemente o inglês e o alemão, inclusive com reconhecimento para esta última língua, tem o processo de internacionalização iniciado.
– Temos total capacidade de receber estes estudantes. Ainda assim, reforçamos a fluência de funcionários e professores. O trabalho com os alunos, para que recebam bem e ajudem a ambientar os novos colegas, também é constante -, conta Iung.

Elza recebeu a visita de 22 crianças e seus pais, que trabalham na BMW. Foto: Maiara Bersch/Agência RBS
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Busca pelo lar ideal
A mudança da família da maioria dos executivos que vão trabalhar na BMW é apenas uma questão de tempo.
– Devo fazer mais algumas viagens nos próximos meses, mas já estou em processo de mudança e vou trazer a família -, contou Gerald Degen, presidente da fábrica brasileira, em entrevista exclusiva ao “AN” no mês passado.
Profissionais como ele já estão se ambientando à região e procuram moradia.
– Mudar de cidade no mesmo Estado já é algo extremamente novo para muita gente, imagine para quem precisa mudar de país. Entendemos esta dificuldade e, além de ajudar a encontrar um lar, oferecemos também um acolhimento ao cliente, indicando lugares que supram a necessidade dele no dia a dia -, explica Tina Marcato, uma das diretoras da W/Prime, que negocia imóveis com profissionais da BMW.
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Segundo ela, Joinville está preparada para atender ao mercado executivo com corretores de imóveis que falam outros idiomas. Os valores de aluguéis variam de R$ 2 mil a R$ 8 mil.
– A média costuma ficar nos R$ 5 mil. O que define é o tamanho da família. Há muitas ofertas de espaços totalmente mobiliados. Mudar de continente gera transtorno e acaba sendo mais viável encontrar uma casa pronta -, diz.