Messi contra a Alemanha. E contra o mundo. Será assim a final da Copa. Nada diferente do que foi até hoje a vida do camisa 10 da Argentina. Nada menos do que isso para superar os compatriotas Maradona e Di Stéfano. O guri magrinho, com cara de tímido e fala baixa, nascido há 27 anos em Rosario, uma espécie de Porto Alegre argentina, terá a missão de conduzir a Argentina para a glória contra uma Alemanha que acabou com o futebol brasileiro no histórico 8 de julho de 2014.

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Nas escolinhas do Newell’s Old Boys desde os sete anos de idade, Lionel Andrés Messi foi diagnosticado com um problema de hormônios, que retardava o crescimento de seus ossos. Estava com 11 anos e passou a ser submetido a um tratamento diário que custava quase mil dólares ao mês. Caro demais para o padrão de vida dos pais, Jorge e Celia. O Newell’s passou a dar uma ínfima ajuda de custo, a fim de manter o guri baixinho no clube. Mas Jorge Messi não teve como seguir bancando praticamente sozinho a medicação do menino que, aos 13 anos, media apenas 1m40cm.

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Os Messi só tinham uma certeza: Lionel precisava do futebol para sobreviver. O menino, tímido e pequeno, havia se tornado demasiadamente introspectivo na escola e a bola parecia ser a sua grande companhia. Rumaram para Lérida, na Catalunha, a fim de viver de favor na casa de uma prima da mãe de Jorge. Lá, Lionel passaria a frequentar peneiras até ter a sorte de ser visto por algum olheiro de clube importante. O conto de fadas começou a ser escrito quando, enfim, surgiu um teste no gigante Barcelona. Em cinco lances, Messi foi contratado pelo Barça. No Camp Nou, ele encorpou. Passou a medir 1m69cm e se tornou o maior do mundo: quatro vezes (de 2009 a 2012).

Messi já superou Maradona, em gols e em número de jogos pela seleção argentina. Não tem o discurso político de Maradona, mas tem envergadura moral para ser um dos embaixadores da Unicef. Sua imagem é utilizada em diversos programas humanitários da entidade. Mas também ainda falta-lhe conquistar uma Copa do Mundo. A sua grande atuação no Brasil ocorreu em Porto Alegre. A vitória por 3 a 2, no Beira-Rio, um dia depois de ele ter comemorado o seu aniversário na capital gaúcha, mostrou um Messi em toda a sua exuberância.

Ao eliminar a Holanda, o atual camisa 10 cumpriu 92 partidas pela seleção. Uma a mais que Don Diego. Logo ele, que anos atrás foi acusado de se “espanholar”, por ter saído tão cedo da Argentina, por ter construído uma carreira sólida no Barcelona, por querer jogar lá a vida toda. Mas Messi jamais renegou a Argentina. Ao contrário do mítico Alfredo Di Stéfano, que passou a jogar pela Fúria, Leo sempre fez questão de jogar pela “albiceleste”. Mesmo quando a camisa vermelha da Espanha lhe foi oferecida.

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– Sempre disse que queria jogar para a minha seleção, porque gosto da Argentina e só vivo as cores deste país. Não quero perder a identificação com o meu país. Aqui é o lugar para onde quero voltar – disse Messi, ainda antes de levar a Argentina à terceira final contra a Alemanha.

Foto: Fabrice Coffrini/AFP

Na Argentina, o craque do Barcelona já tem o tamanho de seu antecessor, Maradona, no coração dos torcedores. E, caso erga a taça de ouro 18 quilates, com 36,8cm de altura e 6,1 quilos de peso, poderá até mesmo mudar a letra da grudenta e debochada canção “Brasil, decime que se siente” e alterar a estrofe “Maradona es más grande que Pelé” para “Messi es más grande que Maradona”.

– Messi agora se fez o melhor entre os melhores porque não se sente diminuído em ter que marcar um adversário. Amadureceu muito desde a Copa da África, quando Maradona era o treinador, quando ele buscava os lances individuais e tentava chegar na cara do gol a todo o momento. E jamais conseguiu. Deixou a Copa sem gols e, desde então, compreendeu que é mais um dos 11 da seleção. Hoje, Messi brilha quando a Argentina precisa e se sacrifica quando o jogo pede um mártir – avalia Franco Marconi, jornalista de Rosario, a cidade natal de Leo.

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Neymar se somará aos 41,09 milhões de argentinos na torcida pelos bicampeões. Companheiro e fã de Messi, o atacante brasileiro prometeu ser mais um a empurrar a Argentina:

– Messi merece ganhar a Copa. Eu tinha Messi como espelho, com ídolo, torcerei por ele na final. Minha torcida será sempre do Messi. Sou Messi Futebol Clube. Brinquei com Messi que queria Argentina na final porque pensei que o Brasil chegaria na final. Infelizmente, não conseguimos.

Apelidado de Enano (anão, em espanhol) e de Pulga, devido à baixa estatura – ainda que 3cm mais alto que Maradona -, Messi surge do tamanho de um gigante para enfrentar o poderio do conjunto alemão. Maradona esteve nas duas finais da Argentina contra a Alemanha. Venceu uma, perdeu outra. Agora, é a vez de Messi mostrar que pode superar “El D10s” argentino.

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