De volta a Uruguaiana, cidade que a filha deixou há duas semanas para estudar em Santa Maria, o pai da estudante que morreu no campus da UFSM na quinta-feira, Claudio Fagundes Machado, 44 anos, diz não acreditar no que aconteceu.

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:: Curso da estudante que morreu no campus não terá aulas nesta sexta-feira

– A última coisa que eu disse para minha filha, na noite anterior, foi: eu te amo, com vários “os”. Eu dizia isso todos os dias – disse o eletricista, pai de Mônica da Silva Machado, 18 anos, morta após sofrer uma parada cardiorrespiratória.

Com a voz constantemente interrompida pelo choro, Machado falou ao telefone por cerca de 10 minutos com a reportagem do Diário.

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Contou que a única filha tinha saído da aula e estava indo almoçar no Restaurante Universitário quando sofreu a parada cardiorrespiratória. A estudante do curso de Engenharia de Telecomunicações conversava com o namorado pelo WhatsApp no momento em que passou mal. Sua última mensagem foi que estava com fome.

Pouco antes de cair, ele também disse que a amava, mas percebeu que ela não respondia mais às mensagens.

– Não dá para acreditar. Pelo menos, o tempo em que ela esteve em Santa Maria foi muito feliz. Minha filha estudou tanto e nos esforçamos muito para mantermos ela aí – disse o pai.

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Mônica passou mal logo depois que saiu do prédio do Centro de Tecnologia, por volta do meio-dia. Ela foi levada ao Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), onde quatro médicos tentaram reanimá-la por aproximadamente uma hora e 40 minutos, mas não tiveram sucesso.

Estudante sofria da mesma doença da mãe

Ainda de acordo com Machado, a filha tomava medicação contínua e tinha a mesma doença da mãe: miocardiopatia hipertrófica.

Contudo, os médicos haviam assegurado à família que ela teria uma vida normal desde que não fizesse muito esforço.

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– Os médicos nos disseram que um dia ela poderia ter uma morte súbita, mas estava bem. Estava tudo controlado. Quando a levei para Santa Maria, fiquei cinco dias na cidade. Fomos até uma cachoeira em Itaara, e o coraçãozinho dela acelerou. Aqui, em Uruguaiana, é tudo plano. Acho que ela não estava acostumada com subidas e descidas.

Jovem será enterrada na tarde desta sexta

Mônica era filha única e terminou o Ensino Médio no Instituto Estadual Elisa Valls, em Uruguaiana. Era aluna da primeira turma de Engenharia de Telecomunicações da UFSM. Um dos sonhos da jovem era ser engenheira na área de engenharia renovável.

Apaixonada por música, tinha uma banda junto com pai, em que ela cantava, e ele tocava baixo. Sua preferência era por rock e bandas como Engenheiros do Hawaii, McFly e Pink Floyd.

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Há dois dias, a menina havia conseguido o benefício para morar na Casa do Estudante. A família estava contente com a notícia, pois o esforço financeiro era grande para mantê-la em Santa Maria.

O corpo da estudante está sendo velado na sala 1 da capela 2 da Funerária Angelus, em Uruguaiana. O sepultamento da jovem será às 17h, no Cemitério Municipal Nossa Senhora de Sant’Ana.

Amigas há mais de 10 anos

A estudante Érica Rebelatto, 18 anos, conheceu Mônica no Jardim de Infância e, desde então, as duas nunca mais se separaram. Elas foram colegas por todo o Ensino Fundamental. No entanto, no Ensino Médio, cada uma foi estudar em uma escola diferente. Depois disso, Érica continuou morando em Uruguaiana e Mônica passou a estudar em Santa Maria. Durante os mais de 10 anos de amizade, Érica só tem boas recordações da amiga:

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– Desde que nos tornamos colegas, nunca mais nos separamos. Na escola, a gente fazia cartinha uma para a outra. Nós nunca brigamos, até porque isso era totalmente impossível. Ela era uma pessoa maravilhosa, sempre alegre, transmitindo e partilhando coisas boas. Sempre foi muito querida e amada por todos – conta Érica.

Entre as atividades preferidas de Mônica, estavam a literatura e o violão.

– Ela tocava violão, gostava de rock. Nós assistíamos a filmes e séries juntas. A Mônica era muito fã da banda Mcfly. Muito mesmo. Ela foi até a um show deles quando a banda passou pelo Brasil. Ela gostava de ler. Tinha biografias de vários artistas e o box da saga Crepúsculo – relata a amiga.

Segundo Érica, a distância entre as duas não atrapalhou a amizade, que continuava viva por meio da troca de mensagens e ligações.

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– Nós fizemos até um grupo no chat do Facebook. No WhatsApp também estávamos sempre conversando bastante. Só vou ter ótimas lembranças dela e de todos os momentos que vivemos – conta Érica.

* Colaborou Michelli Taborda