A morte do torcedor do Avaí João Grah foi investigada pela polícia civil de Balneário Camboriú e foi apurado que os envolvidos fazem parte da organizada Fúria Marcilista, torcida do Marcílio Dias de Itajaí. Eduardo Paladino revela que o grupo é conhecido por incidentes em partidas de futebol no Estado e defende que a instituição da torcida organizada deve ser punida.
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Responsável por acompanhar o cumprimento do Estatuto do Torcedor em Florianópolis, o promotor Eduardo Paladino aguarda informações da Polícia Civil para agir em relação à Fúria Marcilista.
Leia a entrevista completa
Diário Catarinense – O que representa para o senhor a identificação de uma torcida organizada como autora do ataque?
Eduardo Paladino – Por enquanto, a gente tem informações de que torcedor organizado está envolvido na morte. Primeiro, temos que saber se todos aqueles autores que vimos na imagem são vinculados ou não à associação. Temos que apurar isso para efeito de responsabilização da torcida organizada, porque pode todo torcedor sendo organizado ou não praticar um crime. Temos que ver até aonde vai a responsabilidade da associação. É necessário saber se é fruto de um planejamento, se é praxe da torcida organizada agir de modo violento. Aí eu te digo que a gente já tem registros negativos da atuação dessa torcida (Fúria Marcilista). Claro que, em gravidade muito menor. E esses fatos podem, sim, levar à responsabilização. Então, ela (torcida organizada) pode e deve ser responsabilizada. Individualmente, acredito que todos devem responder por homicídio e ir a júri popular. Vamos pedir acesso a todas as informações e aos depoimentos. Muito provavelmente a associação vai sofrer uma sanção bastante severa.
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DC – E essa sanção pode chegar ao extremo de eles serem banidos de ir ao estádio?
Paladino – Eventualmente, pode. Vamos conversar com a Polícia Militar, que tem o registro das ocorrências. Vamos trazer a Federação Catarinense de Futebol e os clubes para a discussão.
DC – Quais são os registros que vocês têm envolvendo a Fúria Marcilista?
Paladino – São, como de quase todos, registros de brigas e tumultos, questões pontuais que são resolvidas pela PM. A partir do momento que é reincidência, isso se torna mais preocupante. Ainda mais agora com o ato de morte. A gente até então teve algumas informações, como tem de algumas outras torcidas, de problemas dentro ou nas cercanias do estádio. Agora é uma coisa muito diferente, na medida que nem sequer envolvia um jogo do Marcílio Dias. Se trata de emboscada, mesmo. A gente vai analisar os depoimentos que forem sendo prestados. Se eles forem expulsos da torcida, nada vai isentá-los se ficar evidenciado que isso é prática comum deles.
DC – O que prevê o Estatuto do Torcedor, mesmo sendo fora do estádio e diante de um time que não estava jogando?
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Paladino – Temos que ter cuidado, porque, em princípio, o Estatuto do Torcedor pune as condutas vinculadas ao jogo de futebol. Nesse caso, por si só, não pode fundamentar uma punição para a torcida, não pela gravidade da situação, muito pelo contrário. Mas pelo fato de ter sido praticado sem qualquer vinculação ao jogo com participação daquela torcida. Mas, somado aos demais incidentes que já aconteceram envolvendo membros dessa torcida, isso pode levar à conclusão que o procedimento deles é da prática da violência dentro e fora do estádio. O que pode levar a uma punição extrema e até a uma ação judicial pedindo a extinção dessa torcida organizada. Isso ocorre a partir de que se demonstra que seus integrantes têm como praxe a prática da violência.
DC – A Fúria Marcilista já teve alguma sanção aplicada?
Paladino – Pela minha promotoria, não. A gente tem informações de incidentes ocorridos como têm de quase todas as torcidas. Posso citar da Fúria, por exemplo, apesar de ser um pouco complicado por envolver apenas duas ou três pessoas, aquele episódio da agressão ao presidente da Federação Catarinense. Não basta que o torcedor seja associado, a gente tem que deixar evidenciado que a praxe daquela torcida é atuar de forma violenta.