A valorização das ações da Tesla nas últimas semanas tem sido influenciada por uma série de fatores, incluindo possíveis novas regras federais com o governo Trump e a dinâmica política nos Estados Unidos.

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Alterações na regulamentação de veículos autônomos terão impacto significativo sobre a estratégia de crescimento da empresa de Elon Musk, a Tesla, favorecendo sua posição no mercado.

Musk planeja produção em larga escala de robotáxis sem motorista a partir de 2026, mas enfrenta barreiras regulatórias nos EUA. Atualmente, a NHTSA (principal autoridade de trânsito) permite a comercialização de apenas 2.500 veículos autônomos por ano, e propostas para aumentar esse limite têm falhado.

Um projeto de lei bipartidário para criar regras federais ainda está em discussão, enquanto Musk busca a aprovação federal para minimizar essas restrições.

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Trump já sinalizou interesse em desenvolver uma estrutura federal para regulamentar veículos autônomos por rodovias nos EUA.

O que a Tesla tem a oferecer

A Tesla desenvolve um modelo de robotáxi, o Cybercab, para ser comercializado em menos de dois anos. A companhia também possui um sistema de assistência ao motorista chamado Full Self-Driving (FSD) em seus modelos atualmente à venda e que pode ser atualizado de forma remota.

Esse sistema é um upgrade do Autopilot, com algumas funcionalidades avançadas, como estacionar o carro, manter o veículo na faixa, respeitar os sinais do semáforo e usar os sensores para prevenir colisões.

Trata-se de um sistema semiautônomo nível dois conforme indicação da SAE (sociedade de engenheiros automotivos), entidade que ajuda a determinar padrões mundiais (veja abaixo, os níveis de carros autônomos). O FSD é comercializado como item opcional, por assinatura.

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Mesmo sendo avançado, não é possível dispensar o motorista: ele precisa estar atento e assumir o controle do carro se algo falhar ou colocar pessoas ou veículos em risco.

A Tesla, contudo, é investigada por quatro acidentes com o uso do FSD e que matou um pedestre. De acordo com parecer da NHTSA, ocorreu um problema nos sensores devido a condições de brilho solar, neblina ou poeira.

Em meio a polêmicas, Musk apresentou recentemente e quer lançar até 2027 o Cybercab, modelo sem volante e pedais, algo não previsto pelos órgãos de transporte dos EUA, e que poderia ser recarregado por indução (sem fio), uma tecnologia que sequer existe atualmente para carros e ainda está em estudos.

Ele também não traz espelhos retrovisores e a janela traseira é pintada. A fabricante não divulgou detalhes sobre motorização, bateria e autonomia do robotáxi.

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A iniciativa de Musk chama a atenção por causa de sua capacidade produtiva. Concorrentes como Waymo, carro autônomo da Google, que atua em parceria com a Uber em algumas cidades nos EUA, não tem a mesma estrutura de escala que a Tesla.

A Cruise, empresa do grupo GM, enfrenta problemas depois de um atropelamento de pedestre durante o uso do modelo operado pela Uber, em São Francisco, e ensaia uma retomada após a crise, que levou um alto escalão de executivos à demissão.

Por isso, um empurrão do governo federal para ajudar na regulamentação seria um empecilho a menos e incentivaria as empresas a engatar novos investimentos nessa corrida tecnológica.

O que se questiona, contudo, é até que ponto o CEO da Tesla, apadrinhado de Trump, poderá ser beneficiado e de que forma a pressa em lançar modelos tão inovadores compromete a segurança de todos.

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Níveis dos veículos autônomos

A escala do veículo autônomo vai de 0 até 5, conforme padrões da SAE (entidade mundial de engenharia automotiva):

  • Nível 0: O motorista tem total controle sobre o veículo
  • Nível 1: Carros com alguma assistência ao motorista, como o piloto automático adaptativo (ACC), atuando nas frenagens e acelerações, mas com o motorista sempre no comando
  • Nível 2: Considerados semiautônomos, utilizam o chamado sistema Adas (ou Sistema Avançado de Assistência ao Motorista), utilizando sensores, câmeras e radares para ajudar o motorista a conduzir com mais segurança e conforto. Contudo, requer o motorista atento e com as mãos no volante o tempo todo. Vários modelos vendidos no Brasil já possuem esse nível de automação.
  • Nível 3: Poucos carros no mundo possuem esse padrão. Baseados em sensores e inteligência artificial e rodando em vias pré-mapeadas a velocidades médias, podem tomar decisões e dispensar a atenção do motorista, que pode aproveitar a viagem para responder mensagens do celular, por exemplo. Mas o motorista pode ser alertado a qualquer momento para assumir o controle, caso haja algum problema na rota ou ocorra uma condição adversa. A Tesla não conseguiu autorização ainda para usar seu Full Self-Driving como nível 3
  • Nível 4: Automação avançada, que dispensa o motorista. Existem vários modelos em teste pelo mundo, mas nenhum produzido em larga escala. Geralmente atuam em ambiente controlado, por exemplo, um modelo da Mercedes-Benz que opera entre a entrada de um museu e o estacionamento. Ou um modelo Toyota que transportou atletas dentro da Vila Olímpica, no Japão. Em rodovias, há projeto de tráfego por trilhos
  • Nível 5: Estágio ainda mais avançado da autonomia, que dispensa o motorista, nem volante possui, e leva apenas passageiros. Podem ser utilizados em qualquer ambiente e o único comando humano é o da voz para determinar seu destino.

Veja fotos do Robotáxi da Tesla

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