Por trás das roupas estilosas, dos movimentos cuidadosamente ensaiados e dos passos sincronizados, há jovens bailarinos que buscam incansavelmente por um reconhecimento no cenário internacional da dança. É o caso dos integrantes do grupo DV, de Indaial, que movidos por uma mesma paixão — e talento — estão dispostos a superar qualquer desafio em nome da própria arte.
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Um sonho que parece estar cada vez mais perto de ser realizado.
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Com passaportes e malas em mãos, cerca de 26 bailarinos do centro de treinamento de dança, junto com a equipe do Station Dance Complex, de Blumenau, embarcaram, nesta semana, rumo aos Estados Unidos para um mundial de Hip Hop. Os jovens, que têm, em sua maioria, entre 20 e 25 anos, foram acompanhados pela fundadora da academia em Indaial, a professora Paola Boaventura.
A profissional conta que essa não é a primeira vez que os dançarinos disputam o Hip Hop International (HHI). Em 2022, por exemplo, eles também estavam em Phoenix, no Arizona, com cinco integrantes do grupo para participar de uma das categorias da competição.
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Desta vez, no entanto, o desafio foi maior devido ao número de bailarinos envolvidos na viagem. Paola lembra que, quando se reuniram inicialmente, em outubro do ano passado, aproximadamente 40 pessoas participavam das coreografias para o mundial nos Estados Unidos. Porém, muitos tiveram de abrir mão desse sonho por não conseguirem passaporte ou visto para a viagem.
— Não é só querer vir, tem todo um trabalho até chegar aqui — desabafa Paola.

Para ajudar os alunos a bancarem as idas até outros locais distantes de Indaial, a professora explica que a academia criou, em 2017, uma associação sem fins lucrativos, que ficou conhecida como “DV em Ação”.
A ideia surgiu depois que Paola percebeu a dificuldade dos dançarinos em participarem de campeonatos no Brasil. Hoje, através de eventos, o DV já consegue arrecadar fundos para tentar auxiliar os bailarinos financeiramente.
— A inscrição já é cara, figurino é caro, a viagem é cara, já que as seletivas nacionais sempre foram longe da nossa cidade. E a gente via que os bailarinos iam para lá sem dinheiro para comer — comenta.
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A viagem para os Estados Unidos
Assim como em campeonatos nacionais, a professa conta que, na ida para os Estados Unidos, o DV também prestou ajuda financeira aos alunos. O valor, porém, não chegou a pagar nem 30% do gasto total da viagem, segundo ela.
Alguns, inclusive, receberam apoio particular para que conseguissem participar da oportunidade. Isso porque, além de uma disputa, a experiência de conhecer outro país está sendo única para a maioria dos bailarinos.
— O resto saiu do bolso deles. Infelizmente esse ano a gente não conseguiu auxílio de ninguém, então corremos atrás de patrocinadores. É aquela história de que o brasileiro não desiste nunca. Por mais que tudo estivesse contra a gente, viemos da maneira que conseguimos — ressalta Paola.
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Não há dúvidas de que a caminhada para chegar até o mundial deste ano foi árdua. A professa relembra que o grupo tentava uma vaga desde 2017. Quando finalmente alcançaram essa conquista, em 2019, veio a pandemia de Covid-19 e o evento teve de ser adiado para 2021, ocorrendo de forma on-line.
Em 2022, cinco bailarinos conseguiram estar pela primeira vez nos Estados Unidos representando o DV no campeonato internacional. Na época, os dançarinos não chegaram na fase final do HHI, mas isso também não diminuiu a emoção dos jovens em relação ao que viveram. Assim como ocorre neste ano.
Essa é uma experiência que nenhum deles jamais vai esquecer.
— Para muitos, isso aqui é mais que um sonho — ressalta Paola.
Independente do resultado, a torcida é para o Brasil
O Hip Hop Internacional é uma competição que reúne mais de 4 mil bailarinos de 50 países. Para conseguirem uma vaga na disputa, os dançarinos do DV tiveram de se tornar, primeiro, campeões no Brasil, o que ocorreu em novembro de 2022, na etapa em Santos (SP).
O mundial é considerado o mais fiel aos valores da cultura Hip Hop, que garante aos vencedores a oportunidade de se destacarem no cenário mundial da dança. Há ainda uma premiação simbólica de 10 mil dólares.
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Neste ano, o HHI iniciou em 30 de julho e encerra no próximo domingo (6). Os bailarinos do grupo de Indaial e Blumenau participam de três categorias diferentes (DV Mega Crew, DV Varsity e DV Crew). Independente do resultado, no entanto, Paola reforça que os bailarinos irão continuar vibrando pelas conquistas dos colegas brasileiros, de outros cantos do país, que, assim como no DV, também estão realizando um sonho ao participarem do mundial.

— Por mais que sejam grupos diferentes, aqui em Phoenix a gente é uma Seleção Brasileira. Estamos em 100 pessoas representando o Brasil, de São Paulo, Curitiba, Santa Catarina. Então estamos em várias pessoas representando o Brasil — comenta.
A família DV
Até pouco tempo atrás, o DV era conhecido como Dança Ventura e levava parte do sobrenome da fundadora da academia, Paola Danniela Luetke Boaventura Nascimento. A nomenclatura foi alterada porque os próprios alunos passaram a abreviá-lo, segundo a professora, além de ser mais fácil de anunciá-lo em competições internacionais.
A história do grupo já tem 16 anos e começou quando Paola estava no primeiro ano da faculdade de Educação Física. A profissional, que dança desde os três anos, ainda brinca ao mencionar que a academia já tem uma trajetória de vida — e, em alguns casos, é mais “experiente” do que muitos alunos que ainda não alcançaram essa idade.
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Hoje, ao olhar para trás, Paola admite que não imaginava que a academia fosse chegar tão longe, tampouco que ela iria construir uma verdadeira família dentro do espaço que abriga mais do que talentos. É ali que as pessoas também encontram infinitas histórias e sonhos sem limites.
— Eu comecei sozinha, dava aulas sozinha. Hoje a gente já tem um equipe de professores, mais de 150 alunos na academia. Uma coisa que foi crescendo e, graças a Deus, não estou mais sozinha. Já é uma família — finaliza.

*Sob supervisão de Augusto Ittner
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