Analisemos a primeira convocação de Luiz Felipe Scolari à frente da Seleção Brasileira. O goleiro Marcos está em grande fase, mereceu; agora Dida é contestável, apareceu no nome. Nas laterais, nomes incontestáveis: Cafu, Beletti, Roberto Carlos e Serginho. Não é a melhor coisa do mundo, mas é o que temos de melhor. As alas são posições importantes para o futebol hoje em dia e estamos devendo bons nomes para exercê-las. Na zaga, a presença de Lúcio, um nome que vem se firmando. Os demais, todos homens de confiança do Felipão: Antônio Carlos, Roque Júnior e Cris. O meio e o ataque serão os setores que vão determinar o sucesso ou não desta nova empreitada. Coerência e peitada Seguindo a análise da lista, começamos o meio-campo com Mauro Silva e Rochemback. Um veterano e um jovem talento. Há coerência na escolha. Para dar mecânica ao time, o indefectível Emerson. Aí trata-se do dedo de Scolari em ação. Não é o caso de gostarmos ou não, basta acatarmos que um técnico tenha suas preferências. Na parte de criação, uma peitada foi reincorporar Rivaldo. Será uma grande tarefa remotivá-lo. Quanto a Alex e Juninho Paulista, nada a objetar. No ataque, Romário e Élber são indiscutíveis. Euller, Ewerthon e Giovanni se justificam pelo bom momento. E Jardel é o homem de área do Felipão. Agora é fazer a máquina funcionar direitinho contra o Uruguai, provavelmente com Marcos; Cafu, Antônio Carlos, Roque Júnior e Roberto Carlos; Mauro Silva, Emerson, Juninho e Rivaldo; Euller (Élber) e Romário. Bailarino bandido Sai o futebol bailarino de Leão, entra o futebol bandido do Scolari. É esta a simplificação barata que leio a torto e a direito na imprensa nacional. É esta necessidade de rotular as coisas que às vezes faz da mídia um coadjuvante na derrocada do nosso futebol. Os técnicos também contribuem para plantar este tipo de generalização. Não podemos abdicar nem do atleta de categoria, nem do de força. Quando o Felipão fala em ter “Onze Gugas”, acredito que estejamos mais perto de um acerto. Que tal 11 bailarinos bandidos? Uma verdade O comentarista Flávio Roberto costuma dizer em suas análises na rádio CBN/Diário que um time é feito por atletas e alguns jogadores. É uma forma inteligente de alguém que já viveu o futebol dentro dos gramados demonstrar à opinião pública a necessidade de existir, em um time, um conjunto bem preparado fisica e taticamente, mas que não pode nunca abdicar de um craque. É o chamado boleiro que faz a diferença e, muitas vezes sem treinar igual aos outros, ou sem respeitar algumas normas, garante o bicho e o título. Um dilema Leio no jornal O Globo que o Edílson e o Petkovic ainda não se reapresentaram no Fla. O “capetinha” não deu o ar da graça na pré-temporada e o “Pet” parece que ainda festeja o gol do tri. Enquanto isso, o resto do grupo treina. E Zagallo administra o problema como pode. Parece inerente ao craque este desvio para a irresponsabilidade. O difícil é medir o quanto isso prejudica o grupo a ponto de, descontado ao longo da competição o benefício que estes jogadores-problema trazem, o saldo ser positivo. É o eterno dilema do futebol. Sábias palavras O jantar no Clube 6 promovido pelo Figueirense, em alusão aos 80 anos do Clube do Estreito, foi um momento marcante e emocionante. Estiveram presentes dezenas de nomes que construíram a história do clube. Numa mesa, em particular, conversavam Jaílson, zagueiro campeão em 1974, e Da Costa, goleiro na década de 70. Da boca de Da Costa, emanaram sábias palavras: “Naquele tempo jogávamos por amor à camisa, por amor ao futebol; era uma religião, doávamos sangue pelo Figueirense”.

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