O crescimento de forma espalhada das grandes cidades e a massificação dos meios de transportes faz com que a mobilidade urbana passe a ser tema constante nas discussões de políticas públicas, sendo mais intensamente tratada a partir da promulgação do Estatuto da Cidade (Lei 10.257, de 10/07/2001).

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Recentemente, em 3 de janeiro de 2012, a Lei 12.587 instituiu as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, obrigando todos os municípios com mais de 20 mil habitantes a elaborar seus Planos de Mobilidade Urbana até o início de 2015, sob pena de ficarem impedidos de receber recursos federais destinados ao tema. A publicação desta lei traz a tona a reflexão da Joinville que queremos quando pensamos em mobilidade urbana.

Joinville é uma cidade com população atual estimada em 546.981 habitantes, segundo o IBGE, e passamos rotineiramente pelos problemas encontrados em todas as cidades grandes do nosso País. Sempre temos a impressão de estarmos presos no trânsito congestionado ou de que os ônibus que nos levam ao trabalho estão sempre mais lotados do que consideramos adequado. Acredito que, ao se encontrar em uma destas situações, cada um de nós já se questionou: “o que estou fazendo aqui?”; “quanto tempo estou perdendo do meu dia que eu poderia estar destinando a minha família?”; “será que tenho uma rota alternativa para fugir deste trânsito?”.

Estas sensações estão diretamente ligadas ao sistema viário disponível e a infra-estrutura nele aplicada. Por muitos anos, as cidades ficaram estagnadas no tocante a mobilidade urbana. Houve o foco na melhoria poder aquisitivo e na maior possibilidade de acesso a novas tecnologias para todas as pessoas. Hoje, todos temos a possibilidade de comprar um veículo motorizado em inúmeras prestações – seja de duas ou de quatro rodas – e isso está implicando em gargalos no sistema viário existente. Não possuímos estrutura que comporte todo este aporte de novos veículos em nossas vias, nem profissionais especialistas em transporte público e mobilidade urbana alocados no planejamento de nossas cidades.

O foco atual dado pelo Governo Federal, com a promulgação da Lei 12.587, sinaliza que novos recursos devem ser destinados para a melhoria no sistema viário e na infraestrutura em um futuro breve. Porém, estes recursos devem ser somente liberados quando embasados e sustentados por projetos consistentes, feitos por profissionais e com pensamento voltado para a melhoria da vida em sociedade em harmonia com os meios de transportes.

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Logo, devemos estar preparados para estas novas linhas de financiamento com projetos e perspectivas que atendam, em primeiro plano, o desejo da população de Joinville, de uma cidade integrada ao sistema de transporte de uma forma geral, que não atente somente aos modos de transporte motorizado (ônibus, carro, caminhão, moto e outros), mas também os modos de transportes não motorizados (a pé e bicicleta). A sociedade, de forma geral, sabe da necessidade de uma nova dinâmica urbana através da realidade em que vivemos e espera por estas melhorias ansiosamente.

Se houver a possibilidade de uma movimentação de maior agilidade em um modal público, sem o estresse da direção de um veículo automotor privado, muitas pessoas optariam pelo deslocamento de menor estresse. Sendo assim, está muito próxima a oportunidade de quebra de paradigma do cenário atual, em que se tem a sensação constante de uma vida beirando o caos urbano, para a possibilidade de se obter uma melhor qualidade de vida para nossa comunidade.

* Vanessa Naomi Yuassa Colella é arquiteta e urbanista formada pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e mestre em engenharia de transportes pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP). Atualmente, trabalha como diretora técnica do Departamento de Urbanismo pela Prefeitura Municipal de Guaratuba e é docente do curso de arquitetura e urbanismo da Univille.