A sociedade do medo

“O mundo já sente um terremoto moral que destrói os alicerces da dignidade humana. A violência contra idosos, crianças e a mulher está desestruturando famílias inteiras. Estatísticas oficiais comprovam que três em cada 10 crianças brasileiras residem em casas onde a violência é constante e a impunidade já está levando a sociedade a ser refém da insegurança ou medo já perdendo o domínio da liberdade e o estímulo de viver.

O medo está levando as pessoas a sentir sensação de vazio, desesperança, tensão interior e ansiedade patológica. Os bandidos estão nas ruas e já ameaçam a paz e a tranquilidade. E não falo apenas de bandidos medíocres que roubam alface ou pão para matar a fome. Falo de bandidos da espécie colarinho branco que roubam bens ainda maiores. São predadores que sugam a jugular de todos.

A Justiça precisa fazer justiça acabando com a impunidade. Não há liberdade e paz nem para sair de casa pelo medo do trânsito assassino e dos bandidos soltos de plantão. Onde está a rigidez e o cumprimento exemplar da Lei Seca que pune os bêbados ao volante no Brasil? Pois é, só a imprensa tem cumprido o papel de fiscalização.

Além do mais, em pleno século 21, ainda presenciamos milhares de pessoas carentes ficarem horas intermináveis em filas de centros de saúde à espera de uma simples consulta médica ou sendo empilhadas em corredores de hospitais por causa da falta de leitos. Enquanto isso, o ser humano sofre ameaças de epidemias primitivas de séculos atrás, como a dengue, a malária, a tuberculose e muitas outras medievais que já deveriam estar extintas.

E nosso progresso mundial? Mais de 40% da população não têm acesso a serviços básicos de saúde. Atualmente, pelo menos 500 milhões de pessoas estão gravemente subnutridas.

O mundo e o Brasil estão em meio a uma crise social e ecológica. Resta, então, a fé para que o medo do futuro não tome conta da alma. Caso contrário, a vida mesmo deixará de proteger.“