O gerente de Novas Tecnologias da IBM Brasil, Cezar Taurion, esteve em Balneário Camboriú na última segunda-feira como palestrante convidado do Seminário Anual Paex-SC. Na oportunidade, ele falou sobre um tema que tem deixado muitos gestores em dúvida: como liderar diferentes gerações no ambiente de trabalho com o avanço das novas tecnologias.
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Em entrevista ao Diário Catarinense, Taurion destacou a importância do processo de interação para aproximar as pessoas e de que forma os líderes devem se posicionar diante das inovações. Confira:
Diário Catarinense – Como se deve liderar os colaboradores de diferentes gerações em um ambiente corporativo?
Cezar Taurion – A divergência é sempre positiva e um dos fatores que nos leva a ter essa divergência são as diferentes percepções de cada geração sobre determinadas coisas. A tecnologia é hoje uma aceleradora de visões diferenciadas, principalmente nesta última década. As pessoas que nasceram na geração digital, que têm a internet como pano de fundo, possuem a percepção de olhar e usar a tecnologia, diferentemente dos que vieram do mundo analógico. É importante perceber que juntando as divergências de opiniões, cria-se uma sinergia do arrojo da juventude e da vivência profissional das outras gerações. Isso resulta em um efeito extremamente positivo para as empresas. Por isso, não chamo isso de conflito, mas de divergência de gerações.
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DC – Na sua opinião, qual é o caminho que deve ser seguido com o surgimento das novas tecnologias?
Taurion – O mundo está caminhando cada vez mais para ser conectado. Não adianta levar as pessoas da geração digital para o analógico. As empresas do mundo analógico têm que entender que vivemos em um mundo interconectado e quem irá assumir a liderança é a garotada do mundo digital. Todos temos que ir para o mundo digital. Uns já estão, outros ainda têm que migrar.
DC – As organizações e os líderes estão preparados para isso?
Taurion – Estas manifestações que estão acontecendo no Brasil têm mostrado que as organizações hierárquicas e muito petrificadas, assim como as classes políticas, não estão preparadas para essas mudanças. Muitas organizações ainda acreditam que as pessoas que estão nas mídias sociais estão perdendo tempo. É um pensamento muito retrógrado. Você está se comunicando, se conectando com outras pessoas. Se você acha que está perdendo tempo é mais uma questão de RH, porque está contratando pessoas que não confia. Tudo o que é novo cria um sentimento de receio, até porque grande parte dos gestores não conhece mídias sociais, nem têm perfil nas redes. É um mundo novo para eles.
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DC – Então há uma resistência forte por parte das gerações mais antigas?
Taurion – Essa resistência pode ser forte no início, mas costuma passar. Há uma estatística interessante que dá uma ideia bem clara. Entre abril do ano passado e abril deste ano, o percentual de norte-americanos com idade entre 18 e 29 anos que usavam tablet passou de 20% para 34%. Entre as pessoas com mais de 65 anos, o percentual saltou ou de 8% para 18%. Ou seja, nesta faixa etária, um em cada cinco americanos usam tablet. Pode haver uma reação no início, mas a sociedade e as empresas começam a perceber o valor na possibilidade de ter acesso à informação e se conectar com qualquer pessoa. Isso vai provocar muita mudança. Estamos ainda no início da curva de aprendizado e a sociedade está se mostrando perplexa diante dessas mudanças. As movimentações não serão mais hierárquicas, mas de baixo para cima.