“ Após a morte do estimado “Chaves” muitos perguntam: o que levou Roberto Bolaños à consagração como o grande humorista dos séculos 20 e 21? Alguns arriscam dizer que foi pura sorte, outros, porém acreditam que o mesmo foi agraciado com um dom. A característica vital das obras e personagens de Bolaños é a provável receita para se tornar um fenômeno mundial e atemporal. Refiro-me à simplicidade e à pureza incrustrada em sua maneira de fazer humor, provocando repetidos e estrondosos risos.
Continua depois da publicidade
Chesperito acreditava que era possível ser feliz com pouco. Para ele a felicidade encontrava-se nos pequenos gestos. Seus personagens ensinavam que a amizade é uma riqueza e que a fé permite que as pessoas continuem a sonhar.
O sucesso imprevisto de suas obras o possibilitou ir muito além das fronteiras mexicanas, alcançando o seu ápice na década de 1980, e assim consolidando-se como o grande ícone humorístico das Américas. É preciso salientar que o seu seriado mais famoso, “El Chavo Del Ocho” (Chaves) bateu recordes de audiência, alcançando 350 mil telespectadores diariamente. Algo inédito para o mundo das telas.
Esse mesmo programa foi exibido pela primeira vez em 1971, no México, e desde então, o trapalhão de coração puro conquistou e continua a conquistar gerações com seu carisma. Acredita-se que a história narrada por Roberto Bolaños, retratando um menino pobre que vive em uma vila da periferia, pode ser uma projeção autobiográfica de sua infância difícil, sem um suporte familiar. Seu pai, Francisco Gómez Linares, faleceu em 1935, quando Bolaños tinha apenas seis anos. A morte do pai foi mais um empecilho em sua caminhada, que por sinal já não era fácil. Em casa, possuíam apenas o apoio da mãe, Elsa Bolaños Cacho. O pai, que levava uma vida boêmia, havia deixado inúmeras dívidas que foram constatadas após a morte. Elsa passou a trabalhar em mais de um emprego para sustentar Roberto e os irmãos. O tempo passou e Bolaños aventurou-se no futebol, e depois no boxe, onde obteve grande destaque.
Cursou Engenharia Elétrica e por fim chegou à profissão que exerceria com perfeição. Apesar de todos os problemas vivenciados, mostrou-se otimista em relação ao futuro. Olhando em retrospectiva, perceberemos que as adversidades na trajetória de Bolaños, foram as mesmas que produziram nele perseverança e fé.
Continua depois da publicidade
Se considerarmos a história de Roberto Bolaños, concluiremos que sem dúvida ele foi agraciado com um dom e com uma peculiaridade que o tornou distinto dos demais humoristas nos últimos tempos, distribuindo alegria e gargalhadas por onde passou.
Resta-nos agora torcer para que “Novos Chaves” surjam para trazer a alegria às futuras gerações, mas sobretudo com a mesma essência do pobre menino da vila. “