Depois de viajar 1,7 mil quilômetros, o comerciante argentino Daniel Cano Salinas, 59 anos, aproveitava as férias em Cachoeira do Bom Jesus, no norte de Florianópolis, quando quatro homens, um deles portando um revólver calibre 38, invadiram o apartamento onde se hospedava com a família. O crime aconteceu na madrugada desta terça-feira.
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Vindos de Campana, cidade da província de Buenos Aires, neste domingo, os Salinas já haviam estado outras vezes no litoral catarinense, mas essa foi a primeira vez em Florianópolis. A carteira com R$ 440, certa quantia em pesos argentinos, uma câmera fotográfica, dois celulares, cartões de crédito levados pelos assaltantes foram recuperados pela polícia. Mas a tranquilidade da família ainda deve demorar para voltar.
– Eu tive medo de morrer, temi pelas mulheres e pelo Nenê (o filho de 7 anos da nora). Na verdade, tudo é muito rápido, o pavor toma conta da gente, não dá muito tempo pra pensar – descreve Daniel Cano Salinas.
O filho de Daniel, o advogado Fernando Daniel Salinas, 27 anos, ficou apavorado quando percebeu que os assaltantes estavam alcoolizados.
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– A sensação de ter um revólver apontado pra tua cabeça é horrível. Fiquei apavorado , não há como prever a reação de uma pessoa neste estado. Tive medo pela minha família. Graças a Deus, estamos todos bem – desabafa.
Em entrevista ao Diário Catarinense, Daniel Cano Salinas e o filho, o advogado Fernando Daniel Salinas, 27 anos, falam sobre como aconteceu o assalto e o que pretendem fazer agora, já que a viagem estava apenas começando.
Diário Catarinense: Como foi que tudo aconteceu?
Fernando Daniel Salinas: Todos dormíamos profundamente, quando, por volta das 3h, minha namorada ouviu ruídos. Ela achou que fosse o Nenê (o filho, de sete anos, da jovem) precisando de alguma coisa. Então, ela abriu a porta do quarto e viu que havia alguém no apartamento. Em seguida, eu acordei com um homem vindo na minha direção e apontando uma arma. Foi muito rápido, ele veio pra cima de mim e deu um soco na minha cabeça. Depois, me pegou pelo pescoço e ficou apontando a arma pra mim. Ele pediu por dinheiro, eu entreguei minha carteira pra que levasse.
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Daniel Cano Salinas: Depois disso, entraram no meu quarto, eram quatro homens, empurraram a porta e a minha esposa junto. Ela ficou apavorada. Aí eu já vi que o homem que apontava a arma pro meu filho correu e colocou o revólver na minha cabeça. Ele deu um soco em mim também. Foi tudo muito rápido. Entregamos tudo que tínhamos conosco, carteiras, dinheiro. Estou feliz por estar vivo pra contar tudo isso pra vocês.
DC: E agora, o que pretendem fazer?
Daniel: Minha mulher está apavorada, por ela, já teríamos ido embora. A imobiliária que nos alugou o apartamento, prometeu devolver o dinheiro que pagamos até agora e ofereceu outro lugar para ficarmos, mas não dá. A sensação de insegurança nos impede de ficar, parece que estão (os criminosos) sempre por perto.
Fernando: Temos que conversar com toda família para decidir o que fazer, é provável que a gente vá para outro lugar, talvez outra cidade de Santa Catarina. Não sabemos ainda, é preciso ponderar, saber como todos estão se sentindo.
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DC: Você pretendem voltar?
Fernando: Nunca mais!
Daniel: Na verdade, sabemos que esse tipo de coisa pode acontecer com qualquer um em qualquer lugar do mundo, não é algo que há só aqui. Já estivemos outras vezes no Brasil, mas essa foi a primeira vez em Florianópolis. Antes do assalto, as pessoas foram muito atenciosas conosco, o povo é acolhedor. Aproveitamos o início das férias. Agora, é só tentar esquecer tudo isso.
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