A casinha branca de janela azul cercada de bananeiras e girassóis é um sopro de simplicidade e beleza na rua escondida por prédios, no Campeche, Sul da Ilha. Lá dentro, no fogão a lenha, a dona da casa ainda faz pirão. Borda toalhinhas de renda, toma chá do próprio jardim, reza novena antes da Páscoa.

Continua depois da publicidade

Confira a galeria de fotos

Ana Honorata Wigganigo, a Dona Nicota, nasceu em 1929, perto do campo de aviação, onde, na época, o escritor e piloto francês Saint-Exupéry fazia escala. O pai agricultor era o responsável por acender e apagar “a luz” no alto do Morro do Lampião para o avião pousar.

Aos 15 anos, se mudou com a família para o Mato Dentro e nunca mais saiu. Sua mãe trocou uma vaca pelo terreno, hoje na Rua do Gravatá, cujo apelido é “rua da Dona Nicota”. Nicota mergulhou no mar cheio de roncador, bagre e papaterra. Ouviu o som de pássaros que desapareceram como o anu.

– Cortaram esse mato todo. Nunca mais vi o pica-pau e o tesourinho, que chegava final de setembro cantando tiriti! – recorda, cheia de saudade, Dona Nicota.

Continua depois da publicidade