Depois de um grupo de cerca de 50 pessoas se desgarrar da multidão pacífica que protestava no centro de Porto Alegre, a Rua João Alfredo, no bairro Cidade Baixa, foi alvo de atos de vandalismo. Contêineres de lixo foram depredados, instituições públicas invadidas e casas noturnas tiveram os vidros quebrados.
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Além disso, oito carros que estavam estacionados na rua acabaram danificados e até saqueados. Um deles era o da advogada Luana Camejo, que enviou seu relato à Zero Hora. Confira:
“Cheguei do trabalho às 17h. Mais uma vez fomos liberados mais cedo, para evitar de sermos pegos pelas manifestações. Meu namorado já estava em casa. Jogamos, brincamos, estava tudo aparentemente tranquilo.
Meu pai me liga por volta das 20h para saber se estou bem. Disse que a TV anunciara que um grupo de manifestantes dissidentes estava depredando a Rua João Alfredo, no bairro Cidade Baixa. A rua que eu passei a morar há uns seis meses. Desci, calmamente, esperando que nada tivesse acontecido ao meu carro.
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Não costumo deixar ele aqui por falta de vaga de garagem, mas esta semana estava com ele por necessidade. Quando cheguei ao meu carro, entrei em choque. Pegaram um pedregulho da rua e atiraram pela janela do carona. Destruíram o espelho direito. Detonaram o porta-luvas. Subiram no carro e racharam o para-brisas dianteiro.
Nunca pensei que eles pudessem violentar outros cidadãos desta forma. Eu ia compreender se fosse um carro da Brigada Militar, ou de alguma secretaria estadual, mas carros de passeio?!. A seguir, foi terror e caos. A manifestação voltava, e só deu tempo de pegar a chave e os documentos do carro e tentar remover ele para um local seguro.
A rua nos remetia a um cenário pós-guerra. Lojas quebradas e os poucos bares abertos fechavam às pressas por medo de mais prejuízos. O único estacionamento da rua só aceitava mensalistas. Pensei ‘E agora?!’. Por sorte, um senhor abordou a mim e meu namorado na rua. Ofereceu sua garagem para o pernoite. Voltei pra casa despedaçada.
Na volta, o cerco estava se fechando novamente. Fugimos pelo canto, e eu só orava pra conseguirmos chegar em casa com segurança. Cheguei em casa e chorei. É triste ver que algo que tu apoiavas se volte contra ti. O vandalismo fez perder uma apoiadora essa noite – eu.”
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Veja imagens do confronto entre polícia e manifestantes: