Paciência e dedicação têm feito parte dos mais recentes 83 dias da surfista Jacqueline Silva, 31 anos, na luta para voltar a surfar e representar o Brasil nas ondas do mundo. Vítima de um acidente de trânsito, na Austrália, em abril, a catarinense tem pressa na recuperação para retornar às competições ainda este ano.

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O acidente provocou duas lesões: uma fratura exposta da patela e a perda de dois centímetros quadrados da cartilagem que reveste a articulação do joelho direito. A fratura foi corrigida com uma operação. Os médicos australianos implantaram dois parafusos para fixar a parte do osso rompida.

Mas a preocupação maior é com a lesão da cartilagem. Não há possibilidade de regeneração do tecido e, por isso, Jacque tem feito um trabalho intensivo de fisioterapia, aliado a medicamentos, para criar no local o que os médicos chamam de fibro cartilagem. Esse revestimento, se consolidado, evitar uma futura artrose no joelho da surfista.

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– Sem essa fibro cartilagem, teremos que retirar um pedacinho da cartilagem do próprio joelho dela, colocá-lo em um banco de tecidos, e então enxertá-lo novamente no local, onde falta essa estrutura – explica o ortopedista Carlos Alberto Atherinos Pierri.

Apesar disso, Jacque confia na “‘resposta do corpo” para o tratamento inicial, orientado por Pierri, com sessões de fisioterapia pela manhã, e hidroterapia à tarde, no Centro Integrado de Terapias Mãe D’Água, no Rio Vermelho.

– Sinto uma melhora gradativa, mas sei que o processo de recuperação é lento. Tenho me esforçado bastante, faço fisioterapia todos os dias, com bastante dedicação – conta Jacque, com uma cicatriz quase imperceptível no joelho direito.

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A surfista ainda mantém cautela sobre o retorno ao surfe. Acredita que isso pode acontecer a partir de outubro. Mas na próxima semana, após três meses de recuperação da fratura, Jacque vai utilizar um equipamento isocinético para fortalecer a musculatura da perna direita, atrofiada pela imobilidade. De acordo com Pierri, o recurso pode antecipar o retorno da surfista ao mar:

– Se tudo der certo, quero colocar ela na água em setembro, para que ela possa competir a partir de novembro – estima.

Etapas da ASP

Apesar de estar afastada das competições, Jacque continua ligada no circuito mundial de 2011. A próxima etapa, a penúltima, será disputada em Biarritz, na França, e apenas duas surfistas podem levar o título da temporada: a havaiana Carissa Moore ou a australiana Sally Fittzgibbons.

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Com 5.350 pontos de vantagem sobre a rival, a havaiana Carissa Moore tem tudo para ser coroada como nova campeã mundial após quatro anos de domínio da australiana Stephanie Gilmore. Carissa foi finalista dos cinco eventos realizados e subiu no degrau mais alto do pódio por três vezes, inclusive na etapa brasileira, em maio.

A australiana Sally Fittgibbons venceu outros dois eventos e tem a simpatia de Jacque.

– Na verdade, a torcida maior é pela Silvana (Lima), que é brasileira, mas agora ela não tem mais chance de título. Sou muita amiga da Sally, que é uma surfista carismática e a torcida será para ela, com certeza.