*Larissa Paludo
Depois de conviver com o surgimento do novo coronavírus, o surto da doença que somou quase 3,3 mil mortes no país e um período de quarentena total para controlar e massiva transmissão do Covid-19, moradores da China experimentam, aos poucos, o retorno à normalidade.
Continua depois da publicidade
> Em site especial, saiba tudo sobre o novo coronavírus
Residindo em Xian, na província de Shaanxi, o brasileiro do Sul do país, Rodolfo Batalha, conta que depois de quatro meses, a população volta a ser vista nas ruas, nos bares e parques. No entanto, algumas restrições ainda vigoram por lá, como o fechamento temporário das fronteiras, por exemplo.
Ele está em território chinês desde setembro do ano passado e conta que desde a identificação do vírus até o início da quarentena total, tudo aconteceu muito rápido. O país impôs uma série de medidas rígidas em 3 de fevereiro, que incluíam a proibição em sair de casa e suspensão de transportes públicos:
Continua depois da publicidade
– A quarentena ajudou a controlar a transmissão do vírus. Dependia muito da comunidade. O país estava muito preocupado com o vírus. Eles já tiveram experiência com outros casos, como o SARS, em 2003. O povo já estava com medo e seguiu à risca tudo o que o governo solicitava em termos de regras de quarenta.
O isolamento variava de acordo com a província, assim como ocorre com os estados no Brasil. Em comunidades vizinhas às de Rodolfo, a quarentena restringia a saída para três vezes por semana e apenas um membro da família. Em outros locais, era possível sair todos os dias, mas em horário determinado. Além disso, nos locais havia controle de temperatura e o estado de saúde das pessoas era monitorado por meio de um aplicativo: quando alguém estava com sintomas ou febril, o código de saúde mudava de cor e a pessoa era impedida de sair de casa.
A quarentena ajudou a controlar a transmissão do vírus. Dependia muito da comunidade. O país estava muito preocupado com o vírus. Rodolfo Batalha, brasileiro do Sul do país, que viveu a pandemia do Covid-19 na China
Transmissão controlada
A China registrou, em 18 de março, o primeiro dia sem nenhum novo caso de coronavírus. O dado é um indicador de que a contaminação foi freada após a quarentena. Nessa sexta-feira (27), no entanto, o país anunciou 55 novos casos de coronavírus. Destes, apenas um foi de transmissão local. Já são quase 3,3 mil mortes e 81,6 mil casos de Covid-19 por lá.
O país ainda registra 3,4 mil infectados ativos. Entre eles, cerca de mil estão em estado grave. Desde o início do surto, em dezembro passado, 697,4 mil pessoas em contato próximo com infectados estiveram sob vigilância médica, incluindo 16 mil ainda sob observação, de acordo com dados oficiais.
Continua depois da publicidade
No último dia 12, o governo chinês declarou que o pico das transmissões terminou no país, embora tenha lançado medidas adicionais para evitar novos surtos, devido ao aumento de casos importados. O novo coronavírus, responsável pela pandemia de Covid-19, já infectou mais de 500 mil pessoas em todo o mundo, e matou 23 mil.
Recessão econômica
A preocupação agora é com a economia. Na empresa em que o brasileiro trabalha, os salários precisaram ser atrasados e pagos em duas parcelas. Conforme o brasileiro, o cenário é de preocupação e diversos setores enfrentam dificuldades. Segundo ele, o governo Chinês tentou garantir que os trabalhadores pudessem receber pelo menos uma porcentagem do salário.
– O país inteiro parou. Estão batalhando para voltar como era antes do vírus. Algumas empresas ainda não retornaram por precaução ou retornaram com menos funcionários. Algumas pessoas perderam emprego, não por terem sido demitidos, mas porque o patrão disse que não conseguiria pagar o salário ou que poderia atrasar. Então alguns desistiram e foram em busca de outras possibilidades – concluiu.