Dizem que a diferença entre o médico e o jornalista é que o médico pensa ser Deus e o jornalista tem certeza. Quando começamos a assistir às aulas com a professora Maria Tereza Piacentini na Redação do DC, no ano passado, temi pelo modo como editores e repórteres, habituados a transitar no mundo das palavras, receberiam os pitacos estilísticos e os puxões de orelha da mestra. Haveria resistências? Ledo engano. Não raro a turma saía da sala sorrindo e, a cada aula, aumentava a legião de admiradores de Maria Tereza.

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Mas não pensem que ela aliviava nas admoestações, pois mestre que é mestre jamais abre mão da exigência. O segredo revelado a cada encontro era o conhecimento transmitido com o carinho de quem se preocupa, característica dos bons educadores. As aulas com a professora Maria Tereza nos proporcionaram um grato reencontro com lições que aprendemos no passado e talvez até com os jovens sonhadores que éramos quando decidimos ser jornalistas e viver de palavras. E eu, que por algum cochilo nas primeiras séries não memorizei direito as regras do hífen, em silêncio me desculpei com certa professora do passado nos versos de Cora Coralina: “Passei por minas e não soube minerar / daí a cascalheira das minhas frustrações”.