A Comissão Atlética de Nevada, que regula os esportes de lutas no mais tradicional estado americano em eventos de combate, definiu nesta semana pela proibição do uso da Terapia de Reposição de Testosterona (TRT). É o primeiro estado dos Estados Unidos a tomar a medida. A decisão forçou o brasileiro Vitor Belfort, ex-campeão dos meio-pesados, que faz uso da terapia, a desistir da luta que faria contra o americano Chris Weidman pelo cinturão dos pesos-médios do UFC. Lyoto Machida, também brasileiro e ex-campeão dos meio-pesados, será o substituto na disputa do título marcada para o UFC 173, em Las Vegas, no dia 24 de maio.
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Médico especialista em antidoping, Eduardo De Rose disse que a terapia é proibida pela Agência Mundial Antidoping (Wada), que regula atletas e esportes olímpicos. Como o UFC segue as regras das comissões atléticas dos locais nos quais promove eventos, o uso da TRT era permitido. A Comissão Atlética Brasileira de MMA (CABMMA) decidiu nesta sexta-feira, segundo o SporTV, seguir os passos de Nevada e proibir o uso da terapia nos eventos de sua alçada no Brasil _ incluindo os cards do UFC no país. A tendência é que outros estados americanos tomem o mesmo rumo.
– É uma norma para governos e comitês nacionais, federações. O MMA não se inclui na cobertura da aplicação do código da Wada, é uma entidade particular, assim como são (as ligas americanas de) futebol americano, basquete, hóquei e beisebol. É um produto que deve ser considerado doping, pode prejudicar todo o atleta como qualquer tratamento hormonal.
Nevada, estado localizado a sudoeste dos Estados Unidos, é o principal palco do UFC. As grandes lutas por cinturão e os eventos mais esperados costumam ser marcados para Las Vegas – não à toa a cidade é considerada a casa do Ultimate. Por isso, a Comissão Atlética local é considerada a mais influente. Belfort não luta no estado desde a derrota para Anderson Silva no UFC 126, em fevereiro de 2011. O último combate do brasileiro nos Estados Unidos foi em novembro do mesmo ano, na Pensilvânia, quando ele venceu Yoshihiro Akiyama. Mesmo antes da proibição em Nevada, os EUA eram mais rígidos com a TRT, estipulando um uso mais limitado da terapia. E Vitor Belfort fez quatro das últimas cinco lutas no Brasil, com quatro vitórias – sobre Anthony Johnson, Michael Bisping, Luke Rockhold e Dan Henderson. Em setembro de 2012, o ex-campeão dos meio-pesados tentou, sem sucesso, recuperar o cinturão contra Jon Jones no Canadá, onde as regras também eram mais brandas.
De Rose garante que não há, necessariamente, relação da necessidade do uso da TRT com um caso de doping no histórico do atleta. Belfort foi pego no exame antidoping em sua primeira luta contra Dan Henderson em 2006, ainda no evento Pride, no Japão, por níveis elevados de testosterona.
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– A produção natural de testosterona pelo organismo é limitada até um tempo após o uso (do doping). Existe isso, mas normalmente tende a ser transitória. Às vezes, a queda se torna definitiva porque o indívio nunca faz uma parada, aí haverá constantemente uma queda na produção hormonal.
Colunista de MMA do Grupo RBS, Caju Freitas também é a favor da proibição do uso das substâncias e relata o crescimento físico de Belfort desde que passou a fazer o tratamento.
– A utilização de testosterona certamente dá vantagem ao atleta que utiliza a terapia, podendo influenciar no resultado final da luta. Basta observar Belfort, que apresentou uma clara mudança física, além de um aumento em sua performance depois que passou a usar a TRT.
Com a saída do UFC 173, Vitor Belfort não tem novas lutas marcadas por enquanto. Lyoto Machida, ex-campeão dos meio-pesados, tem duas vitórias desde que desceu para a categoria dos médios, até 84 quilos _ sobre Mark Muñoz e Gegard Mousasi. Se vencer Chris Weidman em maio, se tornará o terceiro lutador da história do UFC a ter títulos em duas classes de peso. Os outros foram Randy Couture (pesados e meio-pesados) e BJ Penn (leves e meio-médios).
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“Normalmente, a TRT é vista nos Estados Unidos como uma reposição para combater os efeitos do avanço da idade do indivíduo. É considerado como um tratamento clínico anti-idade. O que os atletas visam é o aumento da massa muscular, que aumenta também a força e a potência como consequência. Agora, há vários efeitos prejudicias nas áreas cardiovascular, endócrina, psicológica”. Eduardo De Rose.