Tão próximo de completar 30 anos como poeta, Carlos Augusto Coelho de Oliveira, 52 anos, ou Caco, como é mais conhecido em Joinville, considera-se um personagem emblemático. Palavras dele que são justificadas por um esforço contínuo de sair da normalidade, fato que não só marcou os trabalhos escritos como a forma com que eles passaram a ser divulgados.
Continua depois da publicidade
Confira um vídeo com o poeta:
O fã de João Guimarães Rosa precisou ser criativo para ter reconhecimento na área. Até para entrar para o grupo Viva a Poesia, com o qual passou a levar o gênero a sério, em 1982, Caco precisou ser ousado.
– Levei alguns textos misturados a outros já conhecidos, na cara de pau – lembra, divertindo-se com a situação que já não é mais necessária.
Continua depois da publicidade
Só de publicações individuais, foram duas aprovadas em editais culturais e outras duas participações em antologias. Mas o começo não foi fácil para o carioca que mora em Joinville desde 1979.
Caco nunca viveu somente de poesia. Em Joinville, ele chegou a trabalhar em pequenos mercados e no ramo de hotelaria, onde permanece há 17 anos. Só que foi nos serviços burocráticos que o poeta descobriu a sua marca. Na função de carimbar pilhas e mais pilhas de folhas, Caco encontrou uma forma barata e prática de difundir seu trabalho autoral.
-Como minhas poesias são pequenas, cabiam perfeitamente em um carimbo – lembra.
A ideia foi levada a Curitiba, onde Caco morou em um intervalo de seis anos para cursar filosofia e se enamorou pelo haicai, estilo de poesia japonesa. Caco lembra que houve época em que vendia poesias a R$ 1, normalmente acompanhadas de performances e intervenções urbanas.
– Não sou um poeta comum, daqueles que apenas escreve. Gosto de fazer algo para emocionar, sair do lugar comum – autoavalia.
Continua depois da publicidade
Caco confessa que, às vezes, até se surpreende, como no dia em que subiu só de cueca no palco. O motivo que trouxe Caco para Joinville foi a transferência do pai, Joaquim Coelho de Oliveira, funcionário do exército. Toda a família, incluindo três irmãos e a mãe Marli, mudaram-se de Guaíra (PR), onde moraram por sete anos, para começar uma nova vida.
Apenas Caco, o filho mais velho, permaneceu por algum tempo na cidade vizinha ao Paraguai, mas não resistiu quando visitou a nova cidade dos pais e por aqui também ficou.
– Fiquei empolgada com tudo, principalmente com a indústria e com a natureza. Imagina que eu nunca tinha visto o mar antes? – recorda.
Aqui ele não só começou a se dedicar à poesia como também conheceu Bernadete de Oliveira, com quem é casado há 32 anos e tem uma filha, a Luana. Morador do bairro Guanabara, Caco mantém o hábito de escrever breves pensamentos nas horas vagas, com os quais deve lançar o livro comemorativo aos 30 anos de carreira no ano que vem.
Continua depois da publicidade
– O poeta sempre deseja ser uma ilha cercada de leitores – filosofa.