Não é novidade que os números da criminalidade aumentam todo ano. Os índices da indústria do crime podem até causar insegurança num primeiro momento, mas alertam as famílias sobre os locais e as atitudes que precisam de mais atenção. Em entrevista ao Diário Catarinense, o comandante-geral da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), Nazareno Marcineiro, avalia a percepção das pessoas com relação à segurança. De acordo com ele, a polícia a proximidade com a sociedade é fator positivo.
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Diário Catarinense _ Como as pessoas percebem a segurança?
Nazareno Marcineiro _ Elas constroem suas percepções de forma particularizada, muitas vezes consolidando-as a partir de experiências vivenciadas, seja elas positivas ou negativas. Por exemplo, ter sido vítima de algum tipo de crime, conhecer envolvido em eventos desta natureza ou ter frustrado uma tentativa de crime. Outras vezes, a partir de informações dos canais de comunicação: estatísticas oficiais, matérias jornalísticas, conversas informais entre outros.
DC _ Perceber o que ocorre em sua volta ajuda a fugir de um perigo? Por exemplo, saber que o índice de roubos de veículos em uma determinada região e tomar mais cuidado naquele local.
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Marcineiro _ A violência urbana associada a eventos (homicídio, roubo, furto, ameaça e outros) normalmente reflete na sensação de segurança das pessoas. As famílias que buscam alternativas para melhorar os níveis de segurança deveriam focar inicialmente na coleta e análise de informações quanto ao ambientes em que estão inseridos, nos indicadores de violência, nas formas como os crimes acontecem e como os órgãos de segurança pública procuram solucionar as ocorrências existentes e/ou preveni-las. Estas informações possibilitam que sejam construídos juízos de valor quanto a estar ou não seguro, quanto a necessitar ou não alocar esforços e recursos para melhorar a condição atual.
DC _ Divulgar índices é essencial para a Polícia Militar do Estado?
Marcineiro _ Quando concentramos os esforços para a construção da paz, ou seja, para a operacionalização de atividades que permitam aprimorar a segurança das pessoas, observamos que uma das estratégias utilizadas é a publicação oficial de dados estatísticos de violência em Santa Catarina. Dados que normalmente são divulgados pela Secretaria de Segurança Pública. Este tipo de informação resulta em consequências positivas, pois chama a atenção do leitor para eventos que estão ocorrendo em uma determinada região e que podem migrar para seus ambientes de convivência, estimulando a uma preocupação inicial e uma predisposição ao desenvolvimento de alternativas de proteção.
DC _ As pessoas acham que estão inseguras?
Marcineiro _ Observamos a partir de uma pesquisa realizada no Estado como o cidadão catarinense percebe a violência e como comportou-se ao ser vítima. Quando os entrevistados foram questionados quanto à violência no cenário brasileiro, houve uma predominância em direção a perceber o Brasil como um país violento. Quando questionados sobre o cenário catarinense, ainda houve uma predominância em direção a perceber Santa Catarina como um Estado violento. Quanto aos seus municípios, as respostas modificaram-se para parcialmente violento e, em alguns casos, não violentos. Quando questionados quanto a seus bairros e ruas, houve uma predominância de que não há violência. Podemos entender que a percepção do estar seguro manifesta-se, novamente, pelas experiências vivenciadas, que neste caso demonstrou que os entrevistados, em nível estadual, aparentemente apresentaram poucos históricos como vítimas de crimes.
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DC _ A proximidade de órgãos da segurança pública com a sociedade ajuda?
Marcineiro _ Para a Polícia Militar não há dúvidas de que a proximidade com a sociedade é um fator preponderante para a construção da paz e da percepção de segurança, condição que estimula o desenvolvimento de estratégias de comunicação com os cidadãos.
DC _ Como a instituição se aproxima das pessoas?
Marcineiro _ Surgiram projetos que são referências para os demais estados brasileiros como o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), com mais de 1 milhão de crianças atendidas desde 1998, sendo que somente em 2013, 92% dos alunos de 5o ano da rede pública estadual, municipal e particular em Santa Catarina foram atendidos. Há também o SOS Desaparecidos, programa que busca através da socialização da informação encontrar pessoas desaparecidas em âmbito nacional; o Mediação de Conflitos, que capacita os policiais militares para atuarem como mediadores junto aos Fóruns de Justiça para delitos de menor potencial ofensivo; e o Protetor Ambiental, que capacita e estimula a consciência ambiental para fins de preservação dos recursos naturais, fauna e flora.