A única coisa que o argentino Gustavo Serpi, 51 anos, carrega consigo da Argentina é o sotaque e o amor pela camisa do Boca Juniors. De resto, ele é um manezinho da Ilha. Por onde passa, para e conversa com todos. Ele até arrisca um “ô, istepô”, e um “se tu dix”. Expressões que ele aprendeu com a comunidade da Barra da Lagoa.
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– Foi na Barra que morei quando cheguei a Florianópolis. Lembro-me até hoje de, pela manhã, sair para nadar no mar e terminar o exercício entrando pelo canal. Foram bons tempos. Gustavo é casado com Sandra e pai de duas meninas (Bruna, 17 anos, e Bianca, cinco). Sempre que pode vai até a Barra da Lagoa para levar os amigos argentinos que vêm conhecer a cidade. Nascido em San Juan, fronteira com o Chile, ele só queria escapar do frio. Deste tempo, lembra-se de escutar Toquinho e Vinicius de Moraes em casa.
– Como servi na Marinha, pude conhecer diversos lugares. O Brasil sempre me interessou, e quando falaram de uma Ilha, ao Sul, a curiosidade foi lá em cima. Logo que vim, me apaixonei. Todos se conheciam, era uma paz.
Dono de uma academia em Coqueiros, ele viu o bairro mudar radicalmente. Ele ainda sai para caminhar e conversar com as pessoas. O que não é difícil. Todos em Coqueiros sabem quem é o “gringo” da academia, conversador e cativante. Gustavo tem um trabalho social intenso na Vila Aparecida. Todos os anos, no Natal, ele reúne-se com amigos e distribui presentes aos pequenos. Além disso, existe um grupo de corrida com crianças da comunidade e do Bairro Abraão.
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Outro projeto está ligado ao Centro Espírita Antônio de Pádua. Os alunos da academia devem recolher tampas plásticas de refrigerantes. Os funcionários do centro espírita montam palhacinhos para os pequenos da instituição. Tem mais. No esporte, ele organiza grupos de corrida e de trilhas. Ele ainda integra o conselho de segurança.
– Se estou aqui, preciso fazer algo pelas minhas filhas e, depois, netos. Pela segurança e trânsito, que estão terríveis.