A estudante do sétimo período de Design, Aline Alberti, 20 anos, é gaúcha mas morou em Blumenau por 10 anos. Ela estava em aula em um prédio nas proximidades quando o confronto começou. Após o término, ela saiu para ver o que estava acontecendo e se deparou com um ambiente de tensão. Ela viu gente vomitando e sangrando em meio a balas de borracha e gás de efeito moral. Para a jovem, a operação foi desmedida e incabível.
Continua depois da publicidade
Jornal de Santa Catarina – O que você viu ao presenciar o confronto?
Aline Alberti – Eu não vi o começo. Fiquei sabendo o que estava acontecendo durante a aula. Assim que saí fui lá no bosque ver como estavam as coisas. Eu cheguei um pouco antes da confusão maior começar. O que eu vi foi um ambiente de bastante tensão. De um lado estavam os estudantes cercando dois carros e do outro a tropa de choque a postos. Os estudantes pediam pra polícia sair fora e foi quando lançaram as bombas de gás e começou o caos.
Jornal de Santa Catarina – Já tinha bastante gente no local quando você chegou?
Continua depois da publicidade
Aline Alberti – Nesse momento já tinha bastante gente. Nesta hora foi uma correria generalizada, porque era bomba pra todos os lados. Nunca tinha presenciado uma ação policial assim na UFSC. Tinha bastante policial. No momento em que cheguei não vi ninguém machucado, só depois da confusão do gás e das balas de borracha. Vi uma menina vomitando, algumas pessoas com marcas de bala e eu mesma, que nem estava na linha de frente dos estudantes, senti o efeito do gás.
Jornal de Santa Catarina – Você acredita que a ação policial foi excessiva? Os jovens estavam fumando quando a polícia chegou?
Aline Alberti – Eu não tenho como dizer exatamente o que aconteceu porque não estava lá no momento em que começou. Mas procurei ouvir muita gente, inclusive professores. Eles falaram que os jovens nem fumando estavam, foram os policiais à paisana que chegaram e revistaram o estudante sem nem existir flagrante, nem nada. Mas mais tarde na reitoria até o professor e diretor do Centro de Ciências Humanas contou que conversou e tentou negociar e não teve abertura. Fico entristecida de ver gente defendendo e apoiando o que a polícia fez no campus da UFSC. Em primeiro lugar, todo mundo sabe que maconha é ilegal Só que não tinha ninguém fumando na hora que os policiais à paisana resolveram revistar e prender no bosque, segundo os estudantes. E mesmo que tivesse, acho que nada justifica a tropa de choque mandando bala de borracha e gás de efeito moral em estudantes dentro da universidade, pertinho do Núcleo de Desenvolvimento Infantil.
Continua depois da publicidade
Jornal de Santa Catarina – O que você acompanhou depois que o episódio acabou?
Aline Alberti – Fiquei lá na reitoria pra ouvir o que as pessoas tinham a falar e entender direito o que tinha acontecido e foi unânime a opinião de que a ação foi desmedida e incabível. O acontecimento foi muito grave e o clima era de revolta e indignação. Ninguém estava entendendo o porquê daquilo tudo e a proporção que a coisa tomou.