Toda a vez que uma banda começa a tocar Ein Prosit – e isso acontece muitas vezes ao longo do dia – as pessoas levantam e dançam animadas, balançando os canecos e tomando um grande gole de chope. Poderia ser Blumenau, mas estamos falando de Munique. A tradição de acompanhar a música com coreografia importada da Alemanha para o Brasil é apenas um dos tantos pontos de contato entre as duas festas.

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Enquanto Blumenau se prepara para a abertura de mais uma edição da maior Oktoberfest das Américas, em 7 de outubro, a Alemanha já está em festa. Um contador na cidade mostra que ainda restam seis dias de comemoração no Theresienwiese, local da celebração, lotado de pessoas com trajes bávaros e sotaques de todas as partes do mundo.

Parque Theresienwiese, onde ocorre a festa (Foto: CHRISTOF STACHE, AFP)

Para Mey Fuchter, catarinense de Indaial que vive há quatro anos e meio na Alemanha, a festa da Bavária preserva a tradição e o charme da cultura da região. Ela costumava frequentar a Oktober em Blumenau com amigos. Em Munique, os festejos começam mais cedo e há menos clima de pegação na comparação com o Brasil:

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– É uma festa que acontece mais durante o dia. Há muitas semelhanças, mas entre as diferenças, também acho que os trajes são mais bonitos aqui. Tenho quatro vestidos diferentes – revela.

Dia especial para as amigas e a família

Os preços na Theresienwiese são considerados caros mesmo para quem ganha em euros e não precisa se preocupar com o câmbio. A organização cria dias especiais para a família, com descontos para crianças.

Desfile de abertura deste ano (Foto: Pierre Büro Gaff Adenis, Divulgação)

Graciani Duarte da Silva, nascida em São João Batista, vive há 27 anos fora do Brasil. Está há quatro na Alemanha. Ela tem dois filhos, de 11 e 17 anos, e diz que essa organização é fundamental para quem vive na cidade poder aproveitar a festa.

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A catarinense também participa de um grupo de mulheres brasileiras que se reúne com frequência. Em uma das noites, deixam os filhos com os maridos para curtir a festa. Todas com trajes típicos da Bavária.

– Eu resisti um pouco, mas agora bavarisei – admite Graciani, trajando um bonito vestido verde.

*A jornalista viajou a convite da Siemens

Pavilhão lotado (Foto: Sven Hoppe, Divulgação)

Opinião: Júlia Pitthan

“É para quem tem fôlego”

Apesar de acumular na bagagem mais de uma dezena de visitas à Oktoberfest de Blumenau, me senti inexperiente nessa primeira visita a Munique. Alguns problemas comuns para os turistas que se aventuram no Vale do Itajaí também ocorrem em terras bávaras, mas a dificuldade da língua e o fato de estar em um país distante agravam a situação.

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Primeiro, é impossível conseguir hospedagem a valores razoáveis durante a festa. Se em Blumenau o preço da falta de planejamento é ficar fora da cidade, em hotéis em Gaspar e Pomerode, aqui a conta é paga em euros. O correto é preparar a viagem com pelo menos seis meses de antecedência se você quiser economizar. Até as opções de Airbnb – site de aluguel de apartamentos para turistas – ficam escassas nesta época.

Meu traje típico, comprado na Rua XV de Novembro, em Blumenau, também parece fora de moda por aqui. Os vestidos são muito enfeitados e estão expostos por toda a parte – inclusive na vitrine de grandes redes. Os preços variam de 40 euros a mil.

Se os custos são multiplicados, também são as alegrias. É fascinante ver tanta gente de várias partes do mundo celebrando junta. Casais de idosos, crianças, japoneses, italianos, americanos, israelenses e brasileiros (você vai escutar muito a língua nativa por aqui).

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E como em toda a festa regada a tanta cerveja, em muitos momentos a alegria vira confusão. É claro que há gente que perde a linha, briga, dorme no chão. Faz parte.

Ein Prosit! (Foto: CHRISTOF STACHE, AFP)