Enquanto ela olha concentrada as teclas e parece nem respirar, as mãos percorrem com graça e agilidade o piano. A musicista Maria Helena Schroeter, 79 anos, apaixonou-se pelo instrumento aos quatro anos de idade.
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E hoje ela considera o piano mais do que uma extensão de suas mãos e sonhos: faz parte de sua identidade como ser humano. Maria Helena tem quatro filhos, dos quais dois também são músicos – o pianista Guilherme e o violinista Harry Schroeter, ambos premiados e reconhecidos mundialmente pelo talento musical.
– Minha avó era pianista em Lisboa, quando teve um casamento arranjado com meu avô na Bahia. Ele era médico e poeta -, relembra Maria Helena.
E foi ouvindo os doces dedilhados da avó que ela decidiu que também queria ser pianista, e quem sabe até ensinar outras pessoas a linda arte da música. Assim, ela formou-se na arte musical em Santa Maria (RS) e ensinou piano na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) durante 29 anos.
Maria também morou no Rio de Janeiro quando tornou-se integrante da Academia Internacional do Rio de Janeiro. Mas a cidade não era exatamente o lugar ideal para se viver com a família – apesar de morar no bairro nobre de Copacabana, Maria foi assaltada cinco vezes. Há cinco anos, resolveu se mudar para Joinville. E em Santa Catarina encontrou a paz e a qualidade de vida que precisava. Entretanto, não viu por aqui a valorização que a música merece.
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– A arte, em geral, é uma terapia para a sociedade. Terapia contra as drogas, terapia a favor do bom desenvolvimento do ser humano. E é muito triste ver que, hoje em dia, a arte e a música em especial não fazem mais parte do processo educativo das pessoas -, analisa Maria Helena.
Ela vai mais longe: diz que é triste, também, ver que os músicos atuais não valorizam as técnicas de música clássica, uma arte que cada dia se perde na memória e nas mãos dos artistas mais experientes. E só quem testemunha, ao vivo, um músico interpretar autores eruditos entende a emoção do que é a música em seu estado mais puro.
– Diferente dos estilos que fazem sucesso entre os jovens hoje -, observa Maria Helena.