A moda “mendigo chique” está nas passarelas e nas vitrinas

A crise internacional parece que inspirou o pessoal da moda. A nova tendência para os antenados é o look mendigo de boutique que lá fora é chamada de homeless chic. É a moda com ar junkie, mas comprada em butiques grifadas.

A tendência de roupas detonadas e looks largados viraram estilo a partir dos anos 1980, mas o que detonou o padrão atual foi um morador de rua da China, da cidade de Ningbo, alvo da blogosfera. O mendigo estiloso virou sensação entre os blogueiros chineses, que o elegeram ícone fashion, e acabou inspirando estilistas e consumidores por suas curiosas combinações, que parecem ter saído da última coleção masculina de Vivienne Westwood.

Esta nova tendência que sai das ruas e influencia as passarelas prima por conjugar peças que, pelas antigas regras de elegância, jamais se entrosariam em termos de estilo. A maior editora de moda do século 20, Diana Vreeland, considerava que um toque de mau gosto é obrigatório em qualquer visual elegante. Mas não pense que este estilo que parece não combinar nada é fruto do acaso. Tudo deve ser planejado para um visual completo. Para ser uma miserável na moda é fundamental deixar pistas de que este é apenas mais um look de moda e não uma recaída financeira.

Como adotar o estilo

:: Nas roupas, misture muito, mas não perca o rumo. Estabeleça contrastes e misture sem piedade, mas com um olho no espelho.

:: Tente tecidos firmes com seda chiffon, dourado com jeans, brilho com fosco, justo com largo, comprimentos diferentes e sobreposição de peças, tudo com ar de usado.

:: Nas estampas, mantenha uma certa harmonia nas cores dos desenhos.

:: Ao misturar coloridos, observe que o resultado não se pareça com uma colcha de retalhos. Vista uma peça de cor neutra para estabelecer um meio-termo.

:: Ao usar uma peça muito detonada, sinalize a intenção moda com algo mais sofisticado.

Atenção aos acessórios

:: Evite combinações lineares. Descombinar é a ordem, com calçados e bolsas de boa qualidade, mas aparência de vintage ou coloridas.

:: Algumas adeptas desta moda grafitam a palavra “fake” (falso) em suas bolsas Birkin da Hermès que custam mais de mil dólares!

:: Regra geral: quanto mais vistosos os acessórios, mais discreta a roupa.

O que define a nova tendência

:: Mil sobreposições

:: Volume nas roupas estilo boyfriend.

:: Roupas amplas.

:: Jeans destroyed. Quanto mais rasgado, melhor

:: Blusas ou camisetas puídas, “pobrinhas” ou furadas.

:: Cores acizentadas, beges, cores desbotadas, preto lavado.

:: Jaquetas detonadas

:: Couro antique

:: Peças esfarrapadas

:: Sobreposições de texturas

:: Misturas inusitadas de cores e estampas

:: Um quê de vintage

:: Mistura de estilos, inclusive o verão com o inverno.

Histórico

A japonesa Rei Kawakubo, da Commes des Garçons, foi a primeira a apresentar uma coleção detonada e chocar o mundo nos anos 1980. Nos anos 1990, estilistas belgas propuseram fiapos e furos como detalhes nas roupas. Nessa época, o grunge, com um estilo muito à vontade, criou uma antimoda que acabou como tendência. Em 2000, John Galliano desfilou a coleção da Dior com as modelos “homeless”, com garrafas na mão e pedaços de jornal entre as roupas. Nesse mesmo ano, virou moda ser low (e high ao mesmo tempo). A busca por roupas de brechó, incentivada pelas personagens de Sex and The City fortaleceu o estilo “tô nem aí”, e em 2007, Marc Jacobs mostrou peças desfiadas e cores “sujas” como bege, preto e cinza.