E eis que surge – de ímpeto na rotina sobrecarregada – o shimbalaiê das emoções. Há que se saber, antes da categórica apresentação, o fato intrigante acerca deste fenômeno ainda não revelado: é caso de se acostumar com o pouco. Vamos lá – seja bem-vindo mestre das boas recordações, venha com todo o seu ínfimo meu caro e irredutível VERÃO.
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Quem sabe, você leitor esteja a se perguntar: por que tamanha sutileza ao qualificar esta estação? Qual intuito em rebaixá-lo à posição ímpar de se ser pouco? Ora, meus amigos, não serão necessárias nem mesmo as secas palavras de Graciliano Ramos para demonstrar tamanha realidade. Abram as janelas, flertem com as ruas. Nesses dias os quais o sol se faz anfitrião, inexistem até roupas que encontrem espaço para se prender ao corpo.
O argumento foi fraco, não convenceu? Pontuem então situações fronteiriças aos seus próprios afazeres. Constatarão, nas peripécias encaloradas, o subverter das horas. Estas, correm um passo à frente em dias atribulados como os pré-natalícios e pré-folga e são capazes de acelerarem os ponteiros justo naqueles momentos que julgamos poderem amigar-se da eternidade. Pois é leitores, inexoravelmente, a roupa é pouca, o relógio é pouco e o verão, bem… o verão é pouco.
Ainda faltam provas? Vamos lá. Que falar de nosso próprio fuso horário, claramente adornado pelo governo, o qual prolonga o tempo hábil dos raios de sol? Lógico, o verão seria mais aquém do julgado não fosse esta ajudinha. Aliás, de ajudinha necessitam os problemas enraizados por esta estação. Pouca água ao verão pouco. Muita súplica cearense aos enrustidos dias de chuva.
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É só isso? Acabou? Aaah… vamos falar de maneira mais séria – quem nunca viveu um amor de verão? Aquele que coube ao viver encurtar as asas do sentimento? Quantos são os filhos do sol, dos atos carnavalescos, das saias encurtadas ou das pisadelas e beliscões? Incontáveis, afinal, são frutos das memórias de um sargento mor, do incontestável verão. São nascidos dos amores que habitam tão somente o berço pequeno da paixão, por simplesmente se definirem em sol, em cor, em estação de solstício.
Bem, resta-me incluir nessas cores a curta motivação para se ser felicidade. Sim. Em tempos veraneios inexistem fatores que não podem ser inventados para corroborar à paz de espírito. O amigo que surge em meio às horas atribuladas o desafio atingido no trabalho, o primeiro banho de mar de um filho, o jogo de frescobol, a partida de canastra, o andar descalço pela areia, a brisa marinha, as obras-primas pintadas no céu, os objetivos para o ano próximo, o et cetera dos sonhos… todos motivados pelo sol, pelo escasso 21 de dezembro a 20 de março.
E aí leitor, continuas a discordar? Pois veja…Talvez eu esteja certa, o pouco do verão ou o verão pouco possui em verdade significado breve, tão breve quanto ele próprio. As coisas breves, no entanto, costumam ser as marcantes. Já dizia Shakespeare “o verão em ti será eterno” e acho que isso fora pontuado justamente pelo fenômeno exigir apenas a companhia do sol para prostrar seus encantos. Agora chega de definições, ainda tenho tanta vida para veranear que o pouco do verão pode me ser o tudo. Até mais ver e… shimbalaiê ao nosso sol!
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