“Em 2014, o golpe militar completou 50 anos e ainda segue vivo na memória do país, bem como os fantasmas que trazem consigo um período não só dominado pelo medo, mas também dividido entre ideologias capitalistas e comunistas.
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Durante o apagão democrático ocorreram inúmeras violações de liberdade e dos direitos humanos que deixaram centenas de mortos, desaparecidos e torturados por 21 longos anos. Assim, foi instalada a Comissão Nacional da Verdade com o objetivo de restabelecer a verdadeira história desse período sombrio e, sobretudo, resgatar o sentimento de dignidade e justiça – suprimido pela Lei da Anistia.
A Lei da Anistia, por sua vez, é a grande pedra no sapato da democracia brasileira, pois possibilitou o esquecimento dos crimes cometidos naquele período, uma verdadeira medida de exceção que contraria o ordenamento jurídico e a boa-fé. Logo, não é surpresa que, em uma pesquisa realizada pelo Datafolha, 46% da população seja a favor da sua anulação.
Por outro lado, a criação da referida comissão foi um ato de coragem, uma vez que se dispôs a enfrentar as vergonhas do passado. Ainda que sem punição aos torturadores, resgatou a verdade real da época, amenizando a sensação de injustiça, até então perpetuada.
A retificação da certidão de óbito de militantes – passando a constar o verdadeiro local e o motivo de suas mortes – comprova, além da eficácia da comissão, a possibilidade de reescrever a história.
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Muito embora a Comissão da Verdade tenha prazo de encerramento previsto para o fim do ano, em 16 de dezembro, após ser prorrogada, ela deixa um importante marco na história do país, além de ratificar a seguinte máxima do filósofo alemão Friedrich Nietzsche: “Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas”.“