“A menina que só queria correr atrás de uma bola, que só jogava com meninos nos campinhos de Canasvieiras, olha onde ela está agora, disputando um campeonato internacional”.
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Mensagens como essa não param mais de chegar para a manezinha Luiza Jesus, a melhor goleira de futebol sete do mundo. Sim, ela é nossa! Com apenas 23 anos, a jovem foi campeã continental pela Seleção Brasileira e de lambuja acabou aleita a melhor atleta na posição dela em cerimônia no Peru. A jogadora também conquistou o mundial de clubes pelo Figueirense/Paula Ramos.
— A gente ainda estava comemorando muito o título mundial e aí veio essa escolha. Foi dois dias antes do meu aniversário, o maior presente da minha vida — celebrou a atleta.
Os dois campeonatos aconteceram simultaneamente no Paraná em dezembro do ano passado. Foram dias intensos, às vezes, com dois jogos no mesmo dia. Tirava a camisa preta e branca do Figueira e botava a canarinho. E nos dois a Luiza colocou a medalha de ouro no peito. No dia 25 de janeiro veio a escolha de melhor do mundo.
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Todos os anos a Federação Internacional de Futebol 7 (FIF7) premia os melhores atletas através do Football 7 Awards, o principal título individual oferecido anualmente pela entidade. Mas esta foi a primeira vez que a premiação consagrou uma goleira, que entra para a história da premiação.
Primeiro torneio fora do País
No mês passado, Luiza foi convocada novamente pela Seleção para disputar a Copa América no Peru. Pela primeira vez, a manezinha iria conhecer outro país. Foram jogos na altitude até a final contra a seleção da casa. O título não veio, mas a experiência internacional foi o mais importante para a goleira, que se emocionou em representar o Brasil no exterior. Luiza foi a segunda goleira menos vazada. Jogou em arenas lotadas, deu entrevistas em espanhol, autógrafos e foi lá que recebeu o troféu de melhor do mundo. Tanto talento não ia passar desapercebido pelos gringos.
A Europa é logo ali
Um time da Espanha e outro da Dinamarca, o Avaldsnes Idrettslag, se interessaram no futebol da Luiza. Ela foi convidada a participar de um peneirão em dezembro nos dois países da Europa. Por isso está juntando dinheiro desde já para a viagem.
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A goleira estuda Educação Física na Udesc e estagia na Fesporte. Também recebe uma bolsa atleta pela prefeitura de São José, cidade onde mora. É pouco, por isso está arrecadando recursos em outras frentes, seja vendendo rifa de camisas da seleção ou organizando eventos esportivos de futebol 7, como o Canascup.
— Infelizmente o futebol aqui no Brasil não está dando retorno. As oportunidades são muito escassas. Mas se deus quiser, lá fora vai dar tudo certo — deseja.
E pensar que a Luiza joga no gol há apenas dois anos. A atleta atuava do lado oposto, de atacante, e pegou de goleira num treino, substituindo uma colega que não veio. Foi para quebrar um galho e acabou gostando.
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Era pra ser.
— A modalidade ainda está engatinhando, a categoria precisa ser valorizada, mas eu vou continuar na luta, não por mim, mas por aquela menina de 10 anos que está crescendo e jogando bola na pracinha com os meninos.