O tempo no ensolarado Rio de Janeiro ficou nublado na tarde desta terça-feira. Também pudera: o Príncipe das Trevas e um de seus fiéis valetes tinham surgido de trás das cortinas do escuro lounge do Hotel Fasano, no Rio de Janeiro, para falar com a imprensa sobre o Black Sabbath. O vocalista Ozzy Osbourne e o baixista Geezer Butler conversaram com os jornalistas brasileiros no luxuoso endereço da zona sul carioca, de frente para a praia de Ipanema. Diagnosticado em 2012 com um linfoma, o guitarrista Tony Iommi, que também deveria participar do encontro, sentiu-se mal e não desceu do quarto.
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– Estamos felizes com a turnê e com as novas músicas que os fãs podem ouvir nos shows – começou Ozzy, com sua característica fala em tom baixo e quase balbuciada, completando:
– A recepção está muito gratificante por onde passamos, ainda não tocamos no Brasil com essa formação.
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Zero Hora quis saber dos músicos como é estar na estrada do rock há mais de 40 anos – o que mudou daquele tempo para hoje, além do fato de não serem mais tão jovens assim.
– Há 40 anos, nós éramos garotos. A gente levava a vida de rock star: sexo, drogas e rock’n’roll. Hoje em dia, é chazinho, refrigerante e de volta para o quarto depois do show – respondeu o bem-humorado Geezer, de 64 anos.
– É muito triste que o Bill não esteja com a gente, mas fizemos o que tínhamos que fazer e estamos felizes com essa nova formação. Não vejo por que o sucesso por aqui não vá ser o mesmo do que em outros lugares – completou Ozzy, também de 64 anos, referindo-se ao baterista Bill Ward, único membro da formação original que ficou de fora das gravações do novo disco “13” e da turnê atual, substituído por Tommy Clufetos.
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Os roqueiros ingleses comentaram também a respeito do repertório do concerto do Black Sabbath, que tem sido o mesmo em todos os shows dessa excursão internacional.
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– Nós sempre temos que tocar os mesmos sucessos, como War Pigs, Iron Man e Paranoid. Nesta turnê, estamos tocando também três ou quatro músicas novas e músicas que não tocávamos há mais de 35 anos – disse o baixista.
Sempre tranquilos, os pais do heavy metal mantiveram a fleuma quando questionados sobre o futuro do gênero.
– Há anos, ouvimos falar do fim do heavy metal e do hard rock. No entanto, ele continua aí – ponderou Ozzy, enquanto Geezer fechou a questão:
– Enquanto houver fãs, haverá rock.
No show desta quarta-feira no Estacionamento da Fiergs, o quarteto deve tocar temas do lento e pesado álbum lançado em junho passado, como Age of Reason e God Is Dead?. E qual foi a diferença de gravar 13 atualmente em comparação aos primeiros trabalhos, de mais de quatro décadas?
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– A diferença é que antigamente estávamos todos drogados, hoje não – definiu o debochado Ozzy, obrigando Geezer a ser mais específico na resposta: – Fizemos como nos primeiros três discos, em que gravamos ao vivo no estúdio. Isso nos incentivou a tocar os instrumentos ao vivo, sem acréscimo de nenhuma tecnologia moderna.
– Ficamos chocados com a resposta do público, sem palavras para expressar nossa admiração com a reação ao disco. Se nosso álbum está em número 1 em mais de 50 países, isso signfica o futuro do rock – emendou um Ozzy mais sério.
Já o episódio da vaia na Argentina, quando o cantor enrolou-se em uma bandeira do Brasil jogada da plateia, no show de domingo em La Plata, parece não ter tido muito importância para Ozzy:
– A música é universal, não tem fronteiras. O público jogou a bandeira e coloquei nas costas, foi uma besteira mundial.
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Mantendo o clima de bad boys veteranos em toda a entrevista, Ozzy e Geezer revelaram que só têm boas recordações da gravação do clássico disco Sabbath Bloody Sabbath, de 1973 (“Foram muitas drogas”), e despediram-se respondendo novamente a ZH – único veículo a emplacar duas perguntas no rápido papo com os ídolos -, que quis saber qual foi o melhor e o pior momento em todo este tempo de Black Sabbath.
– O melhor foi quando eu conheci o LSD. O pior foi quando eu o experimentei – tascou Ozzy Osbourne.
– O mesmo comigo – ecoou Geezer Butler.