Fazer coleções não sai de moda, só muda o objeto de desejo.
A explicação é de Mônica Knöpker, coordenadora pedagógica e especialista em gestão escolar que, há anos, acompanha o desejo das crianças de colecionar os mais variados produtos. Para ela, a busca quase obsessiva por um objeto ajuda a aumentar a perseverança e a interação entre os pequenos. Ao fazer trocas para incrementar o conjunto de figurinhas, carrinhos, moedas ou selos, eles aprendem a interagir e a fazer acordos, desenvolvem a autonomia e são apresentados aos limites.
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– Na escola, as coleções podem funcionar como instrumento do projeto pedagógico, principalmente para aprender os números. Além disso, as crianças começam a lidar com frustrações com mais facilidade – explica Mônica.
Na turma de Eduarda Aguirre Carvalho, todos os anos surge uma mania. Junto com os colegas da quarta série, a menina coleciona pontas de lápis – sim, aqueles pedacinhos que sobram cada vez que quebram ou se descolam. A ideia surgiu ano passado, quando ela e a amiga Celina começaram as coletas na sala de aula. Hoje, as duas contabilizam cerca de 150 pontas de todas as cores e texturas.
– Fazemos uma competição. Mas uma das gurias coleciona desde a primeira série, então tem mais de mil pontas – conta Eduarda, que também tem em casa álbuns repletos de figurinhas.
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Mais tradicional, Lucas Zanatta, 13 anos, decidiu seguir uma tradição de família que começou com os avós. Guarda mais de 200 moedas nacionais e importadas, uma delas datada no século 19. O hábito o deixou mais curioso, principalmente quando visita o porão da casa da bisavó, local onde se escondem muitos exemplares que podem compor a coleção.
– Guardo em um cofrinho e pretendo repassar tudo para meus filhos – diz o colecionador.
Além da interação, guardar objetos semelhantes com afeição ajuda a desenvolver a prática de se organizar. De acordo com a coordenadora pedagógica Débora Gurski Herbert, especialista em Educação Inclusiva, até mesmo o aluno mais tímido é beneficiado com a experiência. Guardando peças de um objeto, ganha domínio sobre o assunto, o que pode ajudá-lo na relação com os amigos e no entrosamento.
O que já foi moda
ANOS 1960
– Forte Apache (bonecos e cenários de faroeste), brinquedos da série televisiva Policial de Aço Jiban, bola de gude, roupas de boneca, carrinhos, piões, tanques de guerra.
ANOS 1970
– Space Scooter, Hering Rast (uma espécie de Lego antigo), Susi, Moranguinho, Barbie, naves espaciais, robôs, álbuns de figurinha.
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ANOS 1980
– Vinil, álbuns de figurinhas e cards da coleção Amar é?, brinquedos dos desenhos Cavaleiros do Zodíaco e He-man, copos de personagens, carrinhos de autorama, bonecos Playmobil, Transformers e Comandos em Ação, Ursinhos Carinhosos, histórias em quadrinhos, bonecas Fofolete.
ANOS 1990
– Tazo Mania, cartões telefônicos, pelúcias da coleção Mamíferos Parmalat, mangás, papéis de carta, adesivos, bonecos Power Rangers e Tartarugas Ninja, garrafinhas da Coca-Cola, fitas de vídeo, revistinhas da Turma da Mônica, papel de carta.
ANOS 2000
– Artigos do Ben 10, dos Transformers e das Princesas da Disney, bonequinhos do Mc Donald?s, adesivos em alto-relevo, princesas da Disney, gogo´s.