Na Guarda do Embaú, em Palhoça, no sul de Santa Catarina, local onde preferiu construir seu “barraquinho” para morar com a família, Paulo Zulu é um sujeito simples e não vai deixar de nos atender. Nos dois dias em que esteve com a equipe do DC para surfar e fazer esta reportagem, no primeiro choveu e não tinha onda; no segundo, o dia estava lindo, mas as ondas estavam pequenas. Mesmo assim, Zulu não quis deixar ninguém na mão e entrou no mar para surfar.

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Demostrou uma magia contagiante para tirar o estresse, juntar as pessoas e usufruir da natureza com os amigos. Zulu começou a surfar com 10 anos em uma prancha de isopor. Morava no Leblon, no Rio de Janeiro.

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– Naquela época tinha a cultura do surfe. Meu padrasto comprou minha primeira prancha e comecei a gostar. Com 19 anos ganhei meu primeiro campeonato no Quebra Master na disputa com Picuruta Salazar. Saí até em jornal. Foi então que comecei a levar o surfe mais a sério. Ajudei a fundar a Associação Brasileira de Surf Profissional (Abrasp). Em 1988, durante o Op Pro no Quebramar, no Rio de Janeiro, reivindicamos uma maior premiação. Entramos em greve. O patrocinador ficou louco – lembra Zulu, dando risadas.

Hoje, ele se diz feliz por ter feito parte da evolução do esporte.

– Surfista agora é um atleta com acompanhamento de uma equipe completa – afirma.

Assista ao vídeo de Paulo Zulu surfando com a prancha do DC:

A história com o surfe começou a mudar quando Zulu posou para fotos na agência Class, no Rio de Janeiro. Com 28 anos, destacou-se no mundo da moda.

– Estava indo surfar e um amigo me comentou que eu tinha que ir fazer o passaporte, porque tinha um trabalho em Paris. Não acreditei. Desde então, nunca mais parei. Nunca imaginava que seria um modelo internacional. Apenas me dediquei completamente no que estava fazendo. Como faço com tudo até hoje – explica.

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Zulu já fez trabalhos para Jean Paul Gaultier, Dolce&Gabana, Saint Laurent e Valentino. Morou em Paris, Milão e Nova York. Conheceu a mulher, Cassiana Mallmann, nesta época. Tem dois filhos, Patrick e Dereck. Buscando por ondas perfeitas, Zulu chegou à Guarda do Embaú em 1983.

– O tubo era perfeito e era um vilarejo de pescador. Fiquei deslumbrado com a beleza do local. Falei para a minha esposa que para ser feliz teria que ser pescador. Podíamos morar em qualquer parte do mundo. Mas escolhemos morar num vilarejo de pescador.

Foto: Guto Kuerten / Agência RBS

Zulu posa para foto com turistas na Guarda do Embaú, em Palhoça

A morada virou a pousada Zululand. No local, o modelo e surfista também mostra o talento com o manejo da terra. A horta é orgânica e autossustentável.

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– Não usamos nada de agrotóxico e tiramos as pragas com as mãos. Planto de tudo.

Nos dias em que foi produzida esta matéria, Zulu parou para conversar com os pescadores e bater fotos com os turistas. Atualmente, aos 49 anos, ele segue o trabalho como modelo profissional, ator e apresentador. Dedica a maioria do tempo a sua família.