A exatos 10 meses das eleições de 2018 e depois da desistência oficial do apresentador de TV Luciano Huck, as pré-candidaturas à presidência da República começam a ganhar contornos definitivos e naturalmente passarão a buscar palanques em todas as regiões do país. Em um cenário pós-impeachment e de recuperação da crise econômica e política sem igual nas últimas décadas, a votação é vista como ímpar na democracia brasileira. Santa Catarina não é uma ilha e o pleito nacional, claro, terá reflexo na disputa ao governo do Estado. Mas só as certezas do ainda incerto tabuleiro político catarinense poderão determinar o tamanho do impacto.

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Hoje, a composição do cenário passa pelo retorno de Lula (a menos que a Justiça não deixe), pela presença irreversível de Jair Bolsonaro e pelo respaldo do PSDB para Geraldo Alckmin entrar pela segunda vez na disputa ao Palácio do Planalto depois de deixar para trás a sombra de João Dória. Ainda paira sobre Marina Silva a dúvida de entrar ou não na eleição e se o PMDB do presidente Michel Temer vai se acomodar nos ninhos tucanos ou lançará alguém disposto a defender o legado do ex-vice de Dilma.

Dos pré-candidatos à Casa d’Agronômica, Décio Lima (PT) é até agora o único palanque oficial de Lula, mas lideranças do partido no Estado, embora descartem a ausência do ex-presidente, dizem que mesmo se isso acontecesse teriam candidato próprio. Consideram que a eleição de 2018, com a peculiaridade de poder dar fim à aliança que governa o Estado há 16 anos, tem força suficiente para gerar seus próprios fatos relevantes. O apoio dos presidenciáveis seria um reforço, mas não necessariamente o fator determinante.

Costuras locais são prioridade

Focar primeiro nas costuras locais tem sido mesmo o teor dos bastidores. O PSD de Raimundo Colombo tenta apoiar a Alckmin, mas o PSD de Gelson Merisio fala em só fazê-lo se tiver contrapartida tucana local – leia-se compor chapa com o próprio deputado estadual à frente dela.

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– Temos expectativa concreta da viabilidade eleitoral do Henrique Meirelles (PSD) e prestamos muita atenção nos movimentos do Bolsonaro (PSC), porque há que se respeitar a aceitação dele especialmente entre os jovens – afirma o parlamentar.

Bolsonaro hoje iria ao segundo turno, mas não há uma identificação direta ideológica ou das (polêmicas) ideias com nenhum pré-candidato do Estado. Ele pode entrar, então, na estratégia que o deputado federal Esperidião Amin (PP) considera que PT e PSDB, centros das últimas corridas presidenciais, deverão adotar: cortejar. Nesse cenário, é provável que uma expressão recém cunhada por Amin seja colocada em prática, a de “reciprocar”:

– O PP não terá candidato a presidente e temos hoje um nome em primeiro nas pesquisas ao governo do Estado (o dele próprio). Até pode ser que não valha a pena fechar com algum candidato à presidência, mas se fechar, é lícito pedir contrapartida. Se eu te visito hoje, você me visita amanhã. “Reciprocar” faz parte das boas maneiras.

Se Bolsonaro “busca” um palanque por aqui, ocorre o inverso com o pré-candidato estadual do PMDB Mauro Mariani, ainda sem definição sobre para quem vai pedir e receber apoio. Se o PMDB nacional fechar com Alckmin, o caminho natural é seguir a mesma linha – até porque a cúpula peemedebista catarinense tem no tucano o nome de maior agrado. Mas caso o Planalto acione Henrique Meirelles, do rival local PSD, Mariani se verá obrigado a adotar outro presidenciável.

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Dúvida quem não tem é o PSDB estadual, disposto a não abrir mão da cabeça de chapa com Paulo Bauer e, obviamente, sabendo que Alckmin estará ao lado dele.

– Evidente que uma candidatura mais aceita ou mais viável no âmbito nacional favorece o seu candidato no Estado se ele também for viável. Se uma candidatura naufragar e a estadual estiver bem, é possível que a estadual sobreviva com poucos danos. O inverso não é verdade – analisa o senador, reforçando a tendência de que as alianças locais vão dar o tom das bandeiras que aparecerão juntas em 2018.

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