Matéria publicada pelo Sol Diário na edição de ontem apresenta dados preocupantes em relação às multas de trânsito em Itajaí. Digo isto porque 118.427 infrações em cinco meses, num município de pequeno porte para os padrões mundiais, mediano para os brasileiros e grande para os catarinenses, são de arrepiar. Esse dado aponta para mais de 284 mil multas de trânsito ao cabo do ano ou mais de uma multa por cidadão, para relativizar a informação da Secretária de Segurança do município.
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O coordenador da Codetran afirma que “as multas têm aumentado porque os motoristas não têm respeitado a sinalização e agora tem sensores”. Muita calma nessa hora. Isso não é verdade ou não é a verdade que esclarece, as multas têm aumentado na direta proporção em que foram instalados os sensores. De outra parte, a secretária de Segurança Susi Bellini diz não se tratar “da indústria da multa”, uma vez que o total arrecadado não alcança para cobrir as despesas da própria secretaria. Para tanto, mostram números que entendem comprovar essas afirmações.
A partir dos dados fornecidos sabe-se que, nos primeiros 11 meses de 2013, houve um total de 4.757 acidentes de trânsito, ou 432 ao mês, ou 14,4 ao dia com 16 mortes na totalidade desse período (1,45 falecimento ao mês). Já nos primeiros seis meses de 2014, “graças aos radares instalados” esses números são os seguintes: 2.642 acidentes de janeiro a junho ou 440 ao mês, ou 14,66 ao dia com um total de 10 mortes ou 1,66 falecimento mensal.
Pelos números apresentados, com clareza podemos concluir que o remédio empregado somente está retirando mais dinheiro da população sem, contudo, resolver ou ao menos, mitigar o flagelo. Ou seja, partem de um pressuposto que as estatísticas mostram não apresentar o resultado que o discurso diz procurar.
Por outras palavras, apregoam aos quatro ventos que os famigerados sensores possuem a deliberada intenção de reduzir os acidentes no trânsito e as mortes, todavia, os dados mostram o oposto, logo, é indústria da multa sim e não adianta esconder o sol com a peneira. Se a estrutura da secretaria não se sustenta é porque certamente está muito inchada ou superdimensionada e merece ser revista para se adequar à realidade. Fica muito fácil efetuar projetos megalômanos e buscar os recursos, compulsoriamente, junto da comunidade que está saturada com a maior carga tributária do planeta.
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A velocidade se reduz de muitas outras formas se realmente é isso que se pretende, já foi provado há décadas que existem outros meios que resolvem mesmo, de maneira imediata e sem onerar o usuário, não são empregados porque não há interesse em evitar as mortes, o que se quer é colocar a mão no bolso do contribuinte a qualquer custo e de qualquer forma. Não fosse assim os acidentes teriam diminuído e as mortes também.
O que lamentavelmente se constata é que o improviso tomou conta, os ocupantes dos cargos públicos perderam a capacidade de se envergonhar pelo que fazem e pelo que falam e nós perdemos a capacidade de nos indignar. Os números não mentem e contra os fatos não há argumentos.