indústria
(Foto: NSC Total )

Primeiramente, nem tudo dá para ser 4.0 (costumo brincar nas palestras que já temos até “hambúrguer 4.0”). É impressionante como os modismos rapidamente ganham corpo e afloram a criatividade das pessoas. Na intenção de “surfar uma nova onda”, muitas pessoas se apropriam de termos sem a devida compreensão e aplicam em qualquer coisa.

Continua depois da publicidade

E o resultado disso é uma confusão dos conceitos e muita gente falando superficialidades. Então, calma lá: 4.0 é a nova fase do desenvolvimento industrial que está ocorrendo quase que no mundo todo, ponto. No demais é tudo especulação e a tentativa de se aproveitar do momento.

A revolução industrial 4.0 traz o que há de mais moderno no mundo hoje, em termos tecnológicos e de processos. Ela passa pela implantação de sistemas cyber-físicos, aplicação significativa de “internet das coisas”, processos descentralizados e conectados em cloud, uso massivo de dados e inteligência artificial, e por aí afora. E tudo isso é ainda relativamente novo no mundo. Estamos apenas engatinhando nessa revolução, e sequer conhecemos todo o potencial contido.

Outro aspecto importante é o significativo atraso de desenvolvimento que temos, enquanto país. É lamentável o quanto é fácil de constatar que a grande maioria das empresas brasileiras ainda nem chegaram na revolução industrial 3.0; essa consiste na automação dos processos, no uso de sistemas computadorizados, sensorização e forte aplicação da eletrônica. É uma constatação que não deve servir para desanimar, mas sim para ficar alerta: Não dá para queimar etapa. Simplesmente não existe revolução 4.0 sem o domínio da 3.0.

E por fim, as pessoas não estão preparadas. Assim como na indústria 3.0 se requer uma mentalidade, comportamentos e qualificações já bem evoluídas (soft skills e hard skills), a indústria 4.0 exige muito mais. E o mesmo atraso que temos no desenvolvimento da nossa indústria, acontece também no desenvolvimento das nossas pessoas.

Continua depois da publicidade

Não é à toa que nossos índices de produtividade industrial não vêm evoluindo na mesma proporção que em países mais desenvolvidos. Não é à toa também, que são necessários quatro brasileiros para gerar a mesma riqueza que um americano (patético isso). Eficiência, produtividade, geração de riqueza e por fim, qualidade de vida, passam obrigatoriamente pelo desenvolvimento tecnológico e principalmente pelo desenvolvimento das pessoas.

A jornada é longa e há muito o que se fazer. Velocidade e profundidade devem ser premissas fundamentais nesse caminho.

Vamos em frente!