Ainda está longe o acordo para a adesão dos médicos ao plano SC Saúde do governo do Estado. As partes fizeram uma nova reunião na tarde desta quarta-feira em Florianópolis, mas permanece a indecisão sobre o futuro do convênio previsto para começar a valer a partir de 1º de fevereiro.
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Responsável pela aplicação dos valores que serão pagos pelo SC Saúde, o secretário de estado da Administração, Milton Martini, ficou desconfortado com as declarações do presidente do Conselho Superior das Entidades Médicas de SC (Cosemesc), Aguinel Bastian Júnior, na noite de terça-feira.
Depois da reunião entre os dirigentes do Cosemesc, Aguinel afirmou que a última proposta do governo era “nebulosa” e com “pegadinhas”. Aguinel considerou que no texto do governo não havia garantias de que seriam mantidos os valores da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) vigente após o ano de 2012.
Para o secretário Martini, a proposta do governo é clara, que garante aplicação da CBHPM vigente com redutor de 20%. Mesmo com o clima de tensão instalado, ao final da reunião desta quarta-feira ficou decidido que o Cosemesc manifestará o que considera “nebuloso” em documento a ser enviado à Administração na quinta-feira. Segundo Martini, só há chance de acordo se os médicos não fizerem novas reivindicações que envolvam aumento financeiro.
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– A nossa última proposta traz 14% de reajuste em relação ao que o SC Saúde pagaria inicialmente e 36% de aumento aos valores pagos hoje pela Unimed. Não iremos além disso. É uma decisão de governo – decretou o secretário, confirmando o começo do plano em 1º de fevereiro.
O presidente do Cosemesc avaliou que o governo foi pouco receptivo na conversa de quarta-feira. Aguinel garantiu que os médicos estão sensíveis diante dos prazos para o SC Saúde entrar em vigor. Para ele, o texto do governo trouxe questões confusas e da forma como está não poderia ser apresentado em uma assembleia geral dos médicos. O Cosemesc ficou de mandar hoje ao governo o documento com os esclarecimentos que acha necessário.
– Tem que ficar claro que o governo aplicará a CBHPM vigente não apenas em 2012 como também nos anos seguintes – definiu Aguinel.
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No boletim interno, o Cosemesc afirma que busca saída junto ao governo, mas que só poderá chamar nova assembleia se houver proposta clara. O Cosemesc considera 2012 como o “ano do resgate da dignidade médica” em relação aos valores pagos pelo trabalho dos médicos.
Servidora não consegue agendar cirurgia
Enquanto governo e médicos não se entendem, surgem as primeiras preocupações no atendimento aos segurados. O primeiro caso é em Joinville de uma servidora que não consegue agendar cirurgia para o marido com um urologista de sua cidade.
A reclamação chegou ao Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Estadual de SC (Sintespe). Segundo Wolney Adilson da Rocha Chucre, diretor de organização e relações sindicais, a servidora não encontrou em Joinville nenhum urologista que vai se credenciar ao plano.
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– Ela nos relatou uma situação urgente, que tem de haver cirurgia em no máximo 20 dias. Mas o servidor não pode obrigar o seu médico a se credenciar ao plano – observou Wolney.
O Sintespe dará assessoria jurídica em casos como esse para que o servidor busque o ressarcimento da cirurgia com o SC Saúde. O diretor comentou que, por enquanto, o SC Saúde não tem a mesma abrangência de profissionais e especialidades pelo Estado, principalmente no interior.
Ele acredita que a situação concreta só será conhecida depois do dia 1º. O SC Saúde vai substituir o plano da Unimed. São 180 mil pessoas seguradas, entre servidores públicos estaduais e dependentes.
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Mesmo sem acordo com o Cosemesc, o governo diz ter cadastrados 3.340 médicos cadastrados, 712 clínicas, 161 hospitais e 404 laboratórios.