Dois homens se passam por passageiros comuns de um ônibus, anunciam o assalto e em 15 minutos ordenam que o motorista pare para pegar mais dois comparsas e seguir até os carros de fuga que os aguardavam no Trevo do Mirim, em Imbituba. A viagem do veículo que fazia o trajeto Florianópolis – Araranguá – com paradas nas rodoviárias de Tubarão e Criciúma – teve momentos tensos, que incluíram agressões verbais e físicas e até disparos de arma de fogo.
Continua depois da publicidade
::: Ônibus é assaltado na BR-101
– A impressão que deu é que foi tudo muito bem articulado. Eles sabiam o que estavam fazendo, sabe? Estavam preparados para aquilo ali e sabiam o tempo certo de cada coisa – relata a jornalista Franciele Lima, uma das passageiras.
Franciele conta ainda que o motorista levou uma coronhada na cabeça, e mesmo assim teve forças para acalmar os passageiros e seguiu o trajeto até o fim da rota.
Continua depois da publicidade
Passageira registrou B.O. na cidade onde mora, em Criciúma
Foto: Caio Marcelo, Agência RBS
Confira a entrevista com a passageira
Diário Catarinense – Como foi que tudo começou?
Franciele Lima – A gente estava seguindo viagem normal. O ônibus não tinha parado ainda. Luz apagada, tudo certo. Por volta das 21h, um individuo se levanta e começa a fazer a abordagem.
DC – Ele estava dentro do ônibus?
Franciele – Sim. Dois rapazes seguiam viagem conosco. E a partir daí iniciou toda a abordagem. Eles pediram para o motorista acender a luz. Enquanto um ficava em cima iniciando o assalto, o outro acompanhava o motorista. Aí, iniciou a agressão ao motorista. Em cima, como teve movimentação, eles agrediram algumas pessoas, tanto verbal quanto fisicamente. Como um senhor acabou se manifestando, eles fizeram dois disparos dentro do ônibus. Nisso, eles pediram para nós jogarmos as bolsas no corredor e começaram a retirar o material. A ação deve ter durado por volta de 15 minutos. E aí, depois desses 15 minutos, um deles pediu para o motorista ir diminuindo a velocidade.
DC – Até então o ônibus estava andando. Eles não pararam?
Franciele – Não pararam em nenhum momento. O ônibus andando. Depois da ação de 15 minutos, próximo da região de Imbituba, eles diminuíram a velocidade em um ponto estratégico. Outros dois homens entraram e ajudaram a recolher todas as coisas que estavam ali. No Trevo do Mirim tinham dois veículos já esperando para a fuga. E nós paramos em um posto próximo, onde uma viatura da Polícia Militar estava nos aguardando.
Continua depois da publicidade
DC – Qual a impressão que você teve sobre a ação deles?
Franciele – A impressão que deu é que foi tudo muito bem articulado. Eles sabiam o que estavam fazendo, sabe? Estavam preparados para aquilo ali e sabiam o tempo certo de cada coisa. Eles estavam a duas poltronas da minha. Não vi nenhuma movimentação. Nenhuma ligação, nenhuma articulação. Parecia que eles estavam esperando o momento certo. Tal hora, tá calculado, a gente começa o assalto.
DC – Você acha que a ação foi calculada para pegar alguém em específico?
Franciele – Eu acredito que não. Nós estávamos em aproximadamente 20 passageiros. Tínhamos duas pessoas com cargos importantes, mas não possuíam nada de valor fora do comum, entende? O que foi levado por eles dá um valor elevado, mas só em bens materiais. Notebook, ipad, iphone. Na visão de quem presenciou tudo foi algo realmente planejado. A empresa não solicitou documento de identificação na entrada do ônibus. Então eles compraram a passagem e entraram no como qualquer outra pessoa. Um fato curioso é que além de eles levarem tudo, como se não bastasse levaram os sapatos de alguns passageiros.
DC – A empresa chegou a conversar com vocês?
Franciele – Não, até o momento a gente não recebeu nenhum suporte. Tanto que nós ficamos pasmos porque o motorista, mesmo agredido, com a cabeça enfaixada, com muito sangue na roupa, seguiu viagem até Araranguá. Ele permaneceu na rota. Não tivemos um aviso para aguardar por outro motorista. No momento do assalto ele estava sozinho na cabine, então ele que sofreu mais, pois lá em cima nós estávamos em mais pessoas. E o motorista foi muito forte, passou confiança pra gente. Dizendo que ia seguir a rota normal, que podíamos contar com ele.
Continua depois da publicidade