Ao caminhar nesta sexta-feira pelo pátio da Catedral São Paulo Apóstolo, Dom Rafael Biernarski, bispo da Diocese de Blumenau, conversava, abençoava e brincava com os fieis:

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– Sabia que sábado será a cerimônia de posse do bispo?

Na cidade desde segunda-feira, ele diz que pretende seguir o plano pastoral da diocese, mas vai renová-la ao longo do caminho, e que assume esta missão com respeito por tudo que foi feito ao longo dos 15 anos de instalação dela. Dom Rafael recebeu o convite do papa Francisco para ser o terceiro bispo da diocese com tremor e temor:

– A vida ganha um novo rumo, um novo plano.

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A cerimônia de posse no sábado, às 9h30, terá a presença de representantes dos 13 municípios da diocese, além de autoridades.

Quais são as características que um bispo tem que ter para levar o cristianismo adiante?

Biernaski – Primeiro é preciso pensar no aspecto humano. É necessário que ele seja normal, isso significa que ele tenha saúde, disposição, alegria, emoções e sentimentos. Aquilo que uma pessoa humana faz. E depois, um chamado específico que ele experimenta com Deus. É um aspecto dialogal com Deus, ele está atualizando os atos de Cristo no seu testemunho, para que as pessoas sejam tocadas por este Deus.

Qual será a linha de trabalho nos 13 municípios da diocese?

Biernaski – Primeiro quero captar a realidade, os valores e os desafios. A proposta já se tem: iluminar toda a existência de modo renovado com a presença e a pessoa de Jesus Cristo. Jesus é o modelo da pessoa humana, e é ele que revela o que Deus quer. Toda pessoa humana que quer se realizar na vida tendo Jesus como modelo, a sua vida torna-se assim. Por isso que há pessoas boas, santas, capazes de colocar a vida como serviço. Se uma pessoa erra, Jesus a reconstrói e diz: seja boa de novo. Vamos dinamizar aquilo que existe, a vida com profundo respeito. O amor não obriga ninguém, o amor propõe e é luz. E quem se deixa tocar pela luz e pelo amor de Deus pode responder, mas Deus é respeitoso, ele espera o tempo de cada um. E essa deve ser a característica do bispo no seu ministério e no seu pastoreio.

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Quando Dom José Negri deixou a diocese, disse que a igreja católica na região está estruturada com ideias inovadoras de renovação. O senhor percebeu isso em Blumenau?

Biernaski – Sim. Se trata de uma vida dinâmica. A gente vê os padres preocupados em levar uma dinamicidade, que a igreja não viva para si, fechada para as celebrações, mas seja missionária. A igreja precisa ser missionária. Que busque as pessoas, cuide delas e saia de si. Isso se vê. É inovação. E o papa Francisco diz isso: uma igreja em saída, não uma igreja que se feche, que celebre para si, mas uma igreja que fique feliz com as suas coisas, mas coloque tudo isso em disposição a todos.

Como o senhor vê a posição do papa Francisco em relação a relacionamentos homoafetivos e divórcio?

Biernaski – Esses assuntos são tocados pelo Papa de modo sereno. Quando estou diante de um gay, se trata de uma pessoa, de uma realidade. E o Papa coloca nessa pessoa respeito e cuidado, pois ela tem todos os deveres e todas as luzes como todos os outros. Na luz de Deus, ele deve ter a consciência de escolher o bem. Em relação ao divórcio, ele é uma realidade. Na igreja temos o sacramento do matrimônio. Quem tem fé àquele amor natural se torna sacramento. E para ser sacramento deve haver condições para isso.

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Por isso, o Papa está cuidando disso nos sínodos para se verificar onde há a crise do divórcio. Se o matrimônio é sacramento não pode haver anulação. A igreja pode dizer que há uma nulidade onde não houve matrimônio. É preciso interpretar e levar uma plenitude de ajuda às pessoas neste ponto do amor. O Papa tem um cuidado amoroso para com todas as pessoas humanas e é claro.