Seis meses antes de morrer, 13 anos atrás, Amy Winehouse apresentou em Florianópolis o que seria um de seus últimos shows. O evento no Stage Music Park, em Jurerê, reuniu cerca de 10 mil pessoas e marcou o início da turnê que passou por São Paulo, Recife e Rio de Janeiro. Depois, Amy fez mais duas apresentações, nos Emirados Árabes e na Sérvia, antes de falecer no dia 23 de julho de 2011, em decorrência de uma intoxicação por álcool.

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O show em Floripa marcou o retorno de Amy aos palcos após um hiato de dois anos em que havia se dedicado à reabilitação. Na época, o alcoolismo e o abuso de drogas faziam dela alvo frequente de tabloides. A performance e vida pessoal da cantora eram acompanhadas de perto.

Amy Winehouse, Kurt Cobain, Janis Joplin e outros artistas do “Clube dos 27”

Por isso, havia uma expectativa sobre a apresentação da cantora em Florianópolis. Em ocasiões anteriores, ela havia cancelado shows em cima da hora e até chegado a abandonar o palco na metade da performance. O fã Juliano Zanotelli, que esteve na plateia, recorda que a apresentação não foi perfeita, mas Amy cantou até o final.

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— Você sempre espera uma interação maior, mas ela estava de corpo presente. Estava ali, cantando, dando o melhor dela, faceira. Parecia uma felicidade do jeito dela — recorda ele, que havia vindo de Chapecó, no Oeste catarinense, para ver a ídola.

Show de Amy em Florinaópolis recebeu cerca de 20 mil pessoas (Foto: Charles Guerra, Arquivo DC)

Para a cantora catarinense ABRUNA, que assistiu ao show da terceira fileira, o saldo foi agridoce. Amy interagiu pouco, fez longas pausas e saiu do palco duas vezes. A performance durou uma hora e 10 minutos.

— Foi lindo e triste ao mesmo tempo. Como fã número um, posso dizer que eu esperei a minha vida inteira para vê-la diante de mim. Mas também como fã e por ter acompanhado toda a trajetória, pude perceber que ela já não queria estar ali fazendo aquele repertório. A obra de Amy é toda autobiográfica, de situações que trouxeram muito sofrimento a ela, e os últimos shows se deram por obrigação contratual. Foi difícil constatar esse nítido cansaço e desconforto ao vivo — recorda.

Os bastidores da vinda de Amy

Uma reportagem do Diário Catarinense de 2016 remontou os bastidores da vinda de Amy a Florianópolis. A escolha pela cidade foi porque a cantora teria gostado do conceito de festival de verão Summer Soul Festival, que abrigaria a apresentação. Dadas as circunstâncias, porém, é possível especular que a decisão tinha o intuito de preservar a imagem já desgastada de Amy: caso a performance fosse um desastre, estaria longe dos grandes centros e dos holofotes.

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Amy veio a Florianópolis apenas para fazer o show. Ela chegou pronta, maquiada e com o figurino, um vestido rosa e branco. A artista, uma assessora e um segurança foram até o Stage Music Park acompanhados por um comboio de cinco Audis Q5 e motos da Polícia Militar Rodoviária (PMRv).

— Ela parecia bem alterada e a gente foi orientado a tomar muito cuidado, porque ela poderia desistir e querer ir embora. Viemos enrolando. Tinha trânsito, então fomos abrindo caminho devagarzinho — relembrou o motorista Vilton Dias, da Dunastur, empresa responsável pelo traslado da artista, à reportagem do DC.

Terminado o show, ela retornou ao Rio de Janeiro, sua base durante todas as apresentações no Brasil. No fim da turnê brasileira, o show de Floripa foi considerado o melhor. As performances seguintes foram marcadas por confusões e idas e vindas ao backstage.

Em fevereiro, Amy foi até Dubai participar de um festival onde cantou apenas seis músicas e levou vaias. Em maio, voltou à reabilitação e, em junho, tocou em Belgrado, na Sérvia. Na ocasião, também foi vaiada e acabou se recusando a receber o cachê. Os compromissos daquele verão foram cancelados. Em 23 de julho, Amy morreria em casa, em Londres.

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Amor de fã

Para quem acompanhou o show, a data ficará guardada na memória. Para ABRUNA, foi a oportunidade de ver ao vivo a cantora que a inspirou, anos mais tarde, a criar o tributo Back to Amy, que viajou o país tocando o repertório da cantora. A catarinense agora lançou o show intimista Amy & Poesia, no qual interpreta as musicas e apresenta histórias e percepções sobre a artista. A próxima apresentação será no dia 7 de agosto, no Franz Cabaret, em Florianópolis.

— A importância da Amy na minha carreira é total. Se não fosse por ela, talvez eu não tivesse me descoberto cantora, em primeiro lugar. Então sinto que devo tudo a ela: todos os palcos que pude me apresentar, ídolos que pude conhecer, experiências e objetivos profissionais que pude alcançar. Tudo eu devo a ela. E ao mesmo tempo trocaria sem hesitar tudo o que eu vivi para ter ela entre nós — diz a artista.

Amy também seguiu marcando a vida de Juliano. Em 2018, ele se transformou na cantora durante participação no quadro Jogo de Panelas, do programa Mais Você, apresentado por Ana Maria Braga.

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— Uns amigos confeccionaram a peruca, tirei a barba e fui maquiado por 3 horas…. No fim, fui eleito com o melhor figurino. Foi muito divertido — recorda.

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