Durante as décadas em que trabalhou na Whirlpool, a gestora de comércio exterior e relações institucionais Maria Tereza Bustamante despachava quase todas as semanas com Hugo Miguel Etchenique, o fundador da Brastemp, que morreu na última segunda-feira vítima de complicações pulmonares, aos 88 anos. A grande paixão pelo trabalho era uma de suas marcas registradas.
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– Ele se confundia com a Brastemp – conta Maitê, como ela é conhecida no ambiente corporativo.
Da porta da empresa para dentro, o executivo se destacava como um líder humanista, interessado pelo indivíduo. Quando um parente de um funcionário ficava doente, perguntava como estava passando.
– Ele era afável, e mesmo quando precisava chamar a atenção de alguém, não me recordo de tê-lo visto expressando-se de forma grosseira. Miguel conversava muito, era 100% diálogo – afirma.
O executivo sabia ouvir e fazia bom uso dessa virtude. Maitê diz que ele relacionava-se com todos, questionava tudo e não tomava uma decisão sem reunir uma gama de informações em torno do assunto. A gestora ficava surpresa com o fato de Etchenique estar sempre muito bem informado. A escolha de dirigentes era feita com cuidado, e a sucessão do comando para o executivo Paulo Periquito foi construída de forma transparente e sem surpresas para a organização.
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Nas decisões de negócios, a grande visão de futuro foi determinante para desenvolver a maior indústria de linha branca do país. Para Maitê, um exemplo de passo estratégico foi a aquisição da fabricante de compressores Embraco. Mesmo após deixar o comando do grupo no ano 2000 e, mais recentemente, estar com a saúde fragilizada, Etchenique nunca deixou de acompanhar o negócio que ajudou a construir.
