O tradicional Hotel Maria do Mar encerra as atividades neste sábado (30), celebrando mais um casamento — em 41 anos de história, já foram 950. As paredes do local, que serão demolidas para dar lugar a um condomínio, foram testemunhas de muitas histórias de amor, entre elas a de Elizabete Garcia de Amorim e Roberto Carlos Amorim. 

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A história do casal começa em 1985. Ela com 15 anos, ele com 20. Se viram pela primeira vez em um baile de igreja, mas o relacionamento começou mesmo no hotel.

— Eu fazia discoteca, vi ela passar, aquela moça bonita, alta, com um conjuntinho roxo, fiquei ligado nela — relembrou Roberto, que, naquele dia, convidou Bete para dançar, mas ela recusou.

Alguns dias depois do baile, Bete conseguiu um emprego de garçonete no Maria do Mar. Roberto, maître e coordenador dos garçons do restaurante do hotel, tinha recém feito um acordo para se afastar e investir no próprio negócio. Mas mudou os planos, quando soube que Bete estava na entrevista de emprego. Pediu então para o dono Rubens Carlos Pereira seu emprego de volta. Seu Rubinho atendeu o pedido e o readmitiu.

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No primeiro dia de trabalho, Bete foi espiar o salão do restaurante para ver o movimento e avistou Roberto, chamado pelos então colegas de João Grandão, uniformizado. Ela conta que ele a cumprimentou de forma irônica.

— Oi Bete, prazer — como se não a conhecesse.

O turno do time começava às 15h15min e acabava às 23h15min. Quem terminava o serviço mais cedo, poderia sair antes do horário. Mas Bete sempre saiu pontualmente. Roberto pedia para que ela polisse todas as taças do hotel. Assim, quando chegava no horário da saída, já tarde da noite, e Roberto se oferecia para acompanhá-la até em casa. 

A rotina de trabalho foi assim por algum tempo, com longas conversas no trecho entre os bairros João Paulo e o Saco Grande. Depois de um tempo, Roberto a chamou para dançar e, dessa vez, ela aceitou. Foi ao som de “Quando gira o mundo”, de Fábio Júnior, que eles se beijaram pela primeira vez: “Tudo, tudo pode o amor ganhar… Passe o tempo passe o que passar”.

O namoro começou e no intervalo de um dia de trabalho qualquer, a dona do hotel, Ivone Maria da Silva Pereira, pegou o casal trocando um beijo no salão vazio. Bete foi demitida, mas entende o caso como uma forma de proteção.

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— Ela me tratou como uma filha — lembra.

Já são 37 anos de relacionamento, um casamento com três filhos. Bete e Roberto dividem a gratidão e boas memórias do Maria do Mar, hotel que foi fundamental para que hoje estejam junto. 

— A gente fez grandes amigos lá dentro e continua com amizade daquela época. A gente fez parte da história deles, como eles fizeram parte da nossa. A gente tem o costume de dizer que somos filhos do hotel Maria do Mar — fala Bete.

Roberto trabalhou quase 19 anos no Maria do Mar. O casal, que agora é dono de um restaurante na Ilha, dá ao hotel todo o crédito pela carreira que construíram no ramo. Segundo Bete, de lá, saíram ínumeros empreendedores:

— O hotel existiu na época dos anos dourados, quando o “boom” aconteceu na cidade. Sempre foi uma referência. Hoje muitos dos funcionários são empreendedores, a gente levou pra vida, saiu de lá pronto para o mercado de trabalho.

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— Foi muito importante pra mim, hoje praticamente tudo que eu aprendi, aprendi lá — completou Roberto. 

Os dois se aproximaram enquanto trabalhavam juntos e hoje tem três filhos, uma neta e o próprio restaurante na Ilha
Os dois se aproximaram enquanto trabalhavam juntos e hoje tem três filhos, uma neta e o próprio restaurante na Ilha – (Foto: Arquivo pessoal)
Roberto Amorim morou no hotel, onde trabalhou como garçom e depois maître por quase 19 anos
Roberto Amorim morou no hotel, onde trabalhou como garçom e depois maître por quase 19 anos – (Foto: Arquivo pessoal)
Roberto conquistou Bete durante as conversas na volta para casa, no fim do turno no restaurante do Maria do Mar
Roberto conquistou Bete durante as conversas na volta para casa, no fim do turno no restaurante do Maria do Mar – (Foto: Arquivo pessoal)
Bete trabalhava como garçonete e Roberto, como maître, os dois noivaram um ano após começarem a namorar
Bete trabalhava como garçonete e Roberto, como maître, os dois noivaram um ano após começarem a namorar – (Foto: Arquivo pessoal)
O hotel existiu por quase 41 anos, Roberto e Elizabete completam 37 anos desde que se conheceram no local
O hotel existiu por quase 41 anos, Roberto e Elizabete completam 37 anos desde que se conheceram no local – (Foto: Arquivo pessoal)

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