Ela começava uma carreira internacional promissora quando parou tudo para se dedicar ao sonho que carregou desde criança: ser rainha da Oktoberfest Blumenau. Para Raquel Tolardo, a fase dela como maior representante da festa é um dos capítulos mais bonitos da própria história e que deixou ensinamentos que ainda leva, aos 42 anos. Atualmente moradora de Balneário Camboriú, a modelo e empresária gosta de relembrar os tempos de coroa e toda a relação com a cidade.

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Saiba tudo sobre a Oktoberfest Blumenau 2024

Curitibana, descendente de alemães e italianos, Raquel tinha apenas sete anos quando se mudou para Blumenau com os pais e os dois irmãos mais velhos. Enquanto crescia no bairro Garcia, o evento também evoluía — são 40 anos de Oktoberfest em 2024. Sempre alegre e festiva, a modelo admirava o carro da realeza nos desfiles da Rua XV de Novembro. Essa parte da festa, inclusive, sempre foi a preferida dela:

— Uma vizinha era responsável por levar os carros para o desfile, então sempre que sobrava uma vaga nos grupos a gente ia. Eu ficava nervosa só de ver a realeza, para mim era algo superior, inalcançável — descreve.

Também descobriu cedo o desejo de ser modelo. Sozinha se inscreveu em cursos e começou a fotografar para catálogos de empresas locais, como a Hering. A partir dos 13 anos iniciou uma trajetória profissional que até agora não teve fim. Aos 18 anos passou três meses na Itália para o primeiro contrato internacional. Na volta, decidiu ficar em São Paulo, onde teria mais oportunidades na carreira. A ideia não durou muito tempo.

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— Minha mãe ligou e disse: “Te inscrevi no concurso da realeza da Oktoberfest, se você quiser participar é só vir” — recorda Raquel.

Naquele momento, o sonho falou mais alto. A vida como modelo teria de esperar. Voltou a Blumenau e estudou muito. Tinha na ponta da língua a história da festa, da cidade, do povo. À época, as candidatas precisavam responder perguntas dos jurados na final. Foram dias treinando na frente do espelho e alimentando a expectativa de se tornar ao menos uma das princesas — Raquel realmente achava impossível ser escolhida como rainha, um pensamento que até hoje não sabe explicar.

É claro que não se lembra do questionamento e tampouco do que disse, mas se destacou. Quando ouviu o resultado, chorou muito. Raquel se dedicou ao sonho e viveu intensamente tudo que a missão trouxe. Participou de programas de TV, como do Gugu e Adriane Galisteu, viajou pelo país e desenvolveu novas habilidade que depois a ajudaram na profissão:

— Minha comunicação mudou muito, a oratória, a autoconfiança… Era sobre representar a beleza blumenauense, a festa, a tradição.

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Veja fotos da modelo e ex-rainha

Depois dos sorrisos e cumprimentos nas noites de Oktoberfest, a então rainha ficava nos pavilhões e curtia a festa até o amanhecer. Tiveram episódios que dormiu com o penteado para não perder a hora e ir ao próximo compromisso na manhã seguinte, praticamente sem descansar. O período fechou a atuação dela na edição de 2002, a faculdade de Moda na Furb também ficou para trás e a blumenauense de coração voltou a alçar voos mais altos.

Ao deixar Blumenau pela segunda e última vez, Raquel morou em diferentes países para trabalhar como modelo comercial. Chile, México, Itália… Fez grandes campanhas no Brasil para marcas de cerveja como a Kaiser, além de Marisa, Boticário, Renault, entre outras. De volta ao país, residiu por cerca de dez anos em São Paulo até a primeira gestação, momento em que decidiu que seria hora de voltar a Santa Catarina.

— Eu tinha dito que quando engravidasse moraria onde a minha mãe estivesse. E ela estava em Balneário Camboriú. Se fosse Blumenau, iria para Blumenau. Eu amo aquela cidade — comenta.

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Há pouco mais de 10 anos em solos catarinenses, Raquel mora com o parceiro, as duas filhas do casal, de 10 e 6 anos, e alterna trabalhos como modelo com a vida de empreendedora. Há dois anos formou sociedade com a amiga, Renata Torrens, com quem divide a missão de administrar uma loja de roupas para as praticantes de esportes com raquetes.

Até para se arriscar na nova versão como empresária Raquel acredita que tem uma lição que aprendeu lá atrás, durante o reinado na Oktoberfest, que a ajudou:

— A gente aprende a ter coragem. Você é posta à prova a todo momento. O desafio vem e não tens opção, tem que ir e fazer. Carrego isso comigo.

Duas décadas depois, Raquel guarda as memórias da Oktoberfest com muito carinho e agora tem um novo sonho relacionado à festa: levar as duas filhas para desfilar. Quem sabe elas sintam um pouco da alegria que a mãe delas tinha quando percorria a Rua XV de Novembro com o sorriso de orelha a orelha. Quem sabe elas entendam a força e a magia do evento para os que visitam ou os que vivem na cidade.

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