A edição impressa da NSC que circula neste fim de semana é um manifesto contra o racismo. Uma capa-cartaz reflete o sentimento de basta que vive a sociedade quando se trata de discriminação racial.

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Quando Pedro Bravo, empresário espanhol de jogadores, disse que Vinícius Júnior deveria “parar de fazer macaquices”, mal sabia ele que estaria dando início à combustão de um estopim cuja dinamite explodiu nos últimos dias. A frase absurdamente racista, dita num programa de televisão para criticar as danças do craque do Real Madrid, foi a gênese, à época, da campanha “Baila, Vini Jr.” — movimento difundido principalmente nas redes sociais pela luta contra o racismo.

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A repercussão teve pouco efeito na prática. Insultos continuaram a ser praticados contra Vini, ao ponto em que toda a pólvora ter se acumulado no Estádio Mestalla, em Valência. Lá, novos ataques racistas, desta vez praticados por quase todo o estádio, despertaram uma revolta mundial tanto pela inércia das autoridades, pela reincidência criminosa como, também, pela sobriedade e a coragem com que o atleta lidou com a situação.

Ao rebater o racismo com declarações fortes e ao colocar o dedo na ferida daqueles que mantêm racistas impunes, Vini pôs ainda mais combustível na história e assumiu um protagonismo mundial.

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É impossível ver as imagens do último dia 21 e não se revoltar. A cronologia de absurdos — desde os crimes cometidos na arquibancada até a prostração dos envolvidos no execrável espetáculo — dá razão às lágrimas de Vinícius. Contexto esse que foi suficiente para dar voz a uma nova campanha. Dessa vez sem meias palavras: o “Baila, Vini Jr.”, que soava como um eufemismo antirracista, deu lugar a uma luta de fato para tentar pôr fim a esse crime desumano.

De artistas a políticos, qualquer um com a mínima capacidade de conviver em sociedade entendeu que esse é o momento de trazer à tona, de uma vez por todas, o debate antirracista. Na edição que começa a circular neste sábado, em todo o Estado e aqui no NSC Total, trazemos reportagens especiais e a visão de nossos colunistas.

— Já não basta mais não ser racista. Temos que ser, todos, antirracistas. Esta é uma luta de toda a sociedade organizada contra o racismo e a xenofobia. É papel da imprensa ética, responsável e humanista estar diariamente nesta guerra. Basta de racismo — afirma o diretor de Conteúdo da NSC, César Seabra.

O jornalista da NSC TV, Edsoul, diz que o racismo sofrido por Vini Jr é, “pasmem, apenas um em meio a tantos” e que o grande problema dos racistas é a “evolução daqueles que eles consideram escória”.

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— Quando um menino preto, oriundo de favela, se torna milionário através do que se propõe a fazer, o desejo do opressor é que ele volte a ser oprimido. Vini, e todas irmãs e irmãos vencedores devem ser evidenciados, para que enfim, possamos celebrar e instigar novos protagonistas de pele escura. Isso não é segregar, é, a meu ver, equiparar. Precisamos que os antirracistas se manifestem mais, que se unam cada vez mais as lutas de combate e, calem conosco de uma vez por todas, os ignorantes que insistem em perpetuar os resquícios da maior atrocidade cometida na humanidade. Eu quero parar de chorar. Quero que meus filhos cresçam sem passar pelo que passei — diz Edsoul.

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