Estabelecer metas, gerar mudanças e obter resultados.Três ações nem sempre associadas às administrações públicas, mas que agora devem passar a ser uma espécie de obsessão para oito municípios do Estado.

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A seleção representa uma mostra da diversidade econômica de Santa Catarina e é composta pelos municípios de Araquari, Garuva, Gravatal, Itajaí, Jaraguá do Sul, São Francisco do Sul, São José e Santo Amaro da Imperatriz. Eles integram o programa de Gestão Municipal, que será lançado pelo governo hoje.

Prefeitos, lideranças municipais e servidores serão capacitados pelo Centro de Liderança Pública (CLP), que vai ajudar a estabelecer uma parceria entre Estado, municípios e iniciativa privada. A proposta é um piloto para uma mudança que deve se expandir para outras cidades. O diretor-presidente do CLP, Luiz Felipe D’Ávila, explicou ao DC como funcionará o programa.

Diário Catarinense – Como vai funcionar o novo programa?

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Luiz Felipe D’Ávila – É um programa conjunto com os municípios e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável que tem a intenção não só de gerar crescimento regional, como também melhorar a qualidade da gestão dos programas municipais públicos.

DC – Como vai funcionar a parceria com o governo de SC?

D’Ávila – Na verdade, vamos reunir um grupo de empresários locais que contribuirão com o financiamento desse projeto e a secretaria vai ser uma parceira importante, mas minoritária em termos de recursos.

DC – Quais as primeiras ações?

D’Ávila – Isso é uma coisa que vamos definir. Precisamos criar o planejamento estratégico com os prefeitos. É muito ruim pensar em termos de planejamento sem escutar os líderes desses projetos.

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DC – O planejamento é único para todos os municípios ou cada município terá o seu específico?

D’Ávila – Na verdade há demandas específicas em cada região, mas você tem que ter uma linha mestra única, que é essa parte da inovação e do desenvolvimento econômico. Evidentemente haverá ações específicas e metas específicas em cada município de acordo com essa linha mestra.

DC – O senhor sempre destaca a importância de ter metas e indicadores. Essa é a proposta para uma mudança de mentalidade?

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D’Ávila – Essa é uma mudança cultural de extrema importância, porque, como diz o professor Vicente Falconi, o que não conseguimos medir, não conseguimos avaliar de forma criteriosa. Agora para cumprir as metas, o segredo está no comprometimento, no compromisso das lideranças.

DC -De que forma o CLP vai orientar os prefeitos para melhorar os indicadores?

D’Ávila – O Centro de Liderança Pública funcionará da seguinte forma: teremos um coordenador desse projeto que vai fazer essa triangulação entre governo, empresários e consultorias da área de gestão e liderança pública e vamos contribuir eminentemente com aquilo que é a nossa expertise, a formação e capacitação das lideranças públicas em cumprir as metas. Aí fazemos treinamentos para equipes, cursos específicos, mas o mais importante de tudo é a parte de coaching e mentoring que oferecemos para prefeitos e secretários.

DC – O senhor pode citar alguns exemplos em que a adoção do modelo deu resultados positivos?

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D’Ávila – Essa cultura de metas já foi implantada em mais de 17 estados brasileiros e cidades eu diria que por volta de 30 cidades já adotaram isso.

DC – Esse padrão de excelência pode ser adotado por cidades de qualquer porte? D’Ávila – Pode, sim. Hoje as ferramentas de gestão são muito conhecidas. Não é um conhecimento fechado, exclusivo de poucas pessoas. O problema é sempre o grau de compromisso da liderança. Cada vez que você fizer uma mudança de comportamento é obrigado a lidar com dificuldades, gerar descontentamentos e lidar com perdas de direitos e privilégios. Quando há comprometimento, o resultado é extraordinário. Mas para que o resultado apareça é preciso comprar brigas políticas.

DC – Em quanto tempo será possível sentir as mudanças que o programa pretende gerar?

D’Ávila – Geralmente isso demora por volta de um ano.

DC – O senhor falou em uma palestra que é necessário ter coragem para fazer essas mudanças, que já perguntou a um prefeito se ele estava disposto a perder a próxima eleição. O senhor acredita que vai encontrar essa coragem aqui para o programa? D’Ávila – Acredito. Se não, vamos perder tempo. Em um programa como esse, é fundamental que haja honestidade da parte dos prefeitos para dizer se haverá esse comprometimento. Só estamos dispostos a ajudar os prefeitos comprometidos. Ao invés de entrar e não conseguir cumprir, é melhor o prefeito admitir que esse não é o momento ideal para a cidade dele.

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