“A gente simplesmente se olha e dá força um para o outro” conta bombeiro caxiense

O 1º sargento do Corpo de Bombeiros de Caxias do Sul, Cristiano Becker da Silva, deslocou-se até Santa Maria na manhã deste domingo para auxiliar na tragédia. O cão farejador Dunga, capacitado para buscas e salvamentos, acompanhou o grupo, formado também pelos soldados Picoli e Carvalho e o capitão Sandro, de Bento Gonçalves.

O cachorro da raça labrador, com cinco anos e meio de idade, possui atuações importantes no currículo: ajudou a encontrar soterrados nos deslizamentos de 2008, provocados pela chuva, em Santa Catarina. No entanto, as habilidades de Dunga não precisaram ser utilizadas, já que outro cão dos bombeiros de Porto Alegre já estava em ação.

– Como houve desabamento de parte do telhado da boate, suponhamos que haveria pessoas soterradas nos escombros, mas, felizmente, não havia ninguém. Ajudamos o corpo de bombeiros local e liberamos a perícia para fazer o seu trabalho – relatou Cristiano, por telefone.

O grupo caxiense ainda presta auxílio na organização dos corpos dos jovens mortos, que aguardam para ser reconhecidos por familiares e amigos no ginásio do Centro Municipal de Desportos.

– Mesmo com 20 anos de experiência na corporação, nunca vi uma tragédia desse tamanho. A gente vê os familiares se abraçando aos corpos, não tem como não se emocionar. É uma dor diferente, não dá para explicar como é. Só hoje à noite quando eu estiver embaixo do chuveiro eu vou começar a entender o que estou fazendo aqui, a gente simplesmente se olha e dá força um para o outro – emocionou-se Cristiano.