As chaminés em cima das casas exalam fumaça desde às 14h. Do lado de fora, moradores trabalham no corte da lenha, usada como “combustível” para os fogões, vinda do interior do município e dos mais diferentes tipos: macieira, eucaliptos… O motivo é espantar o frio intenso que percorre as ruas de Urupema, na Serra catarinense, durante o inverno:
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— A gente anda se escondendo do frio e eles [os turistas] procurando — diz Elias Machado, que vive na cidade desde pequeno.
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Urupema é considerada a cidade mais fria do país. No fim de 2021, ela também se tornou a Capital Nacional do Frio, após a sanção do projeto de Lei 14.255, de autoria do senador Esperidião Amin (PP-SC).
E o frio é algo comum na rotina dos cerca de 2,5 mil habitantes. Só nesta sexta-feira (20), por exemplo, a cidade registrou a menor temperatura do ano: -5°C. Algo que é quase inesperado, se levar em conta que o Estado está em pleno outono. Mas, para os moradores, isso não é incomum.
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— Antigamente começava em abril, uma geada veia. Quando não tinha água encanada, ela vinha por calha e ia derramando. Com o frio, ficava aquelas velas de gelo, que duravam uma semana inteira, isso em abril — relembra Elias.
“Aquela avalanche de neve”
Elias mora desde os cinco anos em Urupema. A casa onde ele vive com a família, por exemplo, já serviu de abrigo para turistas que buscavam um lugar para ficar para acompanhar o frio. Durante todo esse tempo, não foram poucas as vezes que ele presenciou a chegada da neve.
— Eu lembro que fui assar um churrasco em um sítio daqui. Era cinco horas da manhã quando sai de casa e fui de bota de borracha. A neve vinha perto do joelho, Só não entrava nas pernas porque a bora era meio longa — pontua.

Outra “nevasca” que segue na memória do aposentado ocorreu no dia de Santa Ana (26 de julho):
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— Nevou sexta de tarde e sábado. E tinha a festa [em homenagem à santa] onde ficou um grande acumulado de neve. Como no dia seguinte fez sol, veio aquela avalanche de neve, que fica a coisa mais bonita — complementa.
Marília Sutil de Oliveira também vive na cidade desde pequena. Dona de um comércio no Centro de Urupema, ela diz que, a cada ano, é possível se surpreender com o clima no município.
— O clima muda e muda mesmo. Aqui em Urupema dá para se esperar tudo. Dá para se esperar as quatro estações no mesmo dia — brinca.
Cidade teve dois dias de neve
Os turistas que foram até Urupema esta semana foram presenteados com a neve que atingiu o município entre terça (17) e quarta-feira (18). O maior “pico” do fenômeno foi registrado por volta das 21h15, na Praça Central da cidade.
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O termômetro de rua marcava -2ºC na hora que os primeiros flocos caíram na cidade. Mas, apesar da alegria, também tinham aqueles que estavam com saudades dos dias quentes.
— Já vimos a neve, podemos voltar pra casa? — brincou uma mulher.
Ao todo seis municípios tiveram precipitações de flocos: além Urupema, o fenômeno ocorreu em Lages, Bom Jardim da Serra, Urubici, São Joaquim e Rio Rufino.
> SC registra neve pelo segundo dia consecutivo
Fim de semana terá temperaturas negativas
De acordo com o meteorologista do NSC Total, Leandro Puchalski, o sábado deve ser de amanhecer gelado e com geada em grande parte de SC. Algumas cidades devem registrar temperaturas abaixo de 0°C.
- De -5 a -3°C na Serra.
- De -2°C a 0°C no Meio-Oeste e Planalto Norte.
- De 3°C a 6°C no Oeste, Sul, Vale do Itajaí, Grande Florianópolis e Norte.
- De 1°C a 3°C no Alto Vale do Itajaí.
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O sábado também será um dia de tempo seco, com sol e nuvens ao longo do dia. As temperaturas da tarde ficam mais agradáveis, se aproximando novamente da casa dos 20°C em grande parte das cidades.
No domingo (22) o frio seguirá presente ao amanhecer, mas com temperaturas não tão baixas em comparação ao sábado. Porém, ainda com chance de geada – só que mais localizada nas áreas de baixadas.
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