Milhões de espectadores espalhados pelo mundo todo estarão de olho na tela da TV (ou do computador) na noite deste domingo para acompanhar o último episódio de uma das mais eletrizantes séries dos últimos anos.
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Vencedora do Emmy de melhor série dramática no último domingo, Breaking Bad é um típico produto da chamada “época de ouro” da TV, em que o eixo da criatividade de diretores e roteiristas do cinema tem migrado cada vez mais para seriados e minisséries de qualidade.
>> TOP TUDO: dez motivos para assistir Breaking Bad
Para quem ainda não se viciou em Breaking Bad, série produzida pelo canal americano AMC, um resumo rápido da história: o pacato professor de química Walter White (Bryan Cranston, vencedor de três Emmy consecutivos de melhor ator), se transforma em produtor de metanfetamina depois de receber um diagnóstico de câncer terminal. Disposto a ganhar dinheiro rápido para deixar a família amparada depois de sua morte, White vai se deixando dominar pela nova atividade, lentamente perdendo todos os escrúpulos para conseguir manter seus negócios e a família e ainda escapar do cerco da polícia. Seu braço direito no submundo das drogas é o ex-aluno Jesse Pinkman (Aaron Paul).
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Nos últimos dias, referências à saga do pai de família que vira gênio do crime tomaram conta das redes sociais e da imprensa americana, indo da capa da prestigiada revista The New Yorker desta semana a paródias em programas de TV e desenhos animados. Já o Guinness 2014 cita Breaking Bad como o seriado mais bem avaliado pelos críticos em todos os tempos.
Se a fórmula dos seriados que marcam época é tão difícil de acertar quanto a dos cristais azuis “cozinhados” pelo professor White, qual o segredo de Breaking Bad?
– Em primeiro lugar, Breaking Bad tem a coragem que falta ao cinema americano de apostar em personagens de caráter ambíguo. Outro fator é o cuidado com a construção visual. Enquadramentos, cores e cenários ajudam a contar a história – analisa o editor do portal Cinema em Cena, Pablo Villaça.
O sócio-fundador do site dedicado a entretenimento Omelete, Érico Borgo, acrescenta outros elementos na fórmula:
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– A direção, que buscou uma estética pouco convencional na TV, impressionou desde o início, mas logo os excelentes roteiros e o ótimo elenco ajudaram no estabelecimento da série.
O roteiro é pródigo em reviravoltas e situações de suspense ao final dos episódios, o que deixa o espectador aflito até conseguir a próxima dose de Breaking Bad. A receita inclui ainda personagens insólitos como o advogado Saul Goodman (Bob Odenkirk), que entra em cena para resolver as encrencas dos personagens principais e caiu tanto no gosto do público que vai ganhar uma série própria, Better Call Saul, contando episódios anteriores aos acontecimentos narrados na série original.
Trilha sonora eletrizante, doses industriais de tensão, toques de humor e violência completam a receita bem-sucedida da série criada e produzida por Vince Gilligan. Para fãs como Norberto Luz, os dilemas morais potencializam o interesse do público:
– A série apresenta, por meio dos seus personagens principais, a fronteira tênue entre o que consideramos moral e ético, e os nossos desejos e ambições mais profundos.
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No início, curiosamente, não houve tanta repercussão. Na lista dos 10 melhores seriados da década publicada em 2009 pelo jornal Hollywood Reporter, Breaking Bad, que estreou em 20 de janeiro de 2008, não aparecia. O boca a boca foi decisivo na escalada da série para o sucesso:
– A propaganda de quem assistiu desde o início foi fundamental para o crescimento da popularidade do programa – aposta Borgo.
Para quem quiser descobrir do que estão falando legiões de fãs do mundo inteiro nesta semana, as primeiras temporadas de Breaking Bad já estão disponíveis em DVD no Brasil. A quinta temporada estreia em 4 de outubro, às 22h, no canal AXN.
BREAKING BAD FACTS
– A produção entrou no Guinness como a série mais aclamada pela crítica – em sua última temporada, recebeu nota 99 no site Metacritic (www.metacritic.com ), que compila resenhas nos EUA.
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– A estreia da última leva de episódios de Breaking Bad alcançou a maior audiência do seriado nos EUA até então, com quase 6 milhões de espectadores – que geraram 760 mil mensagens no Twitter sobre o assunto (12 mil por minuto no pico).
– Nas redes sociais, fãs manifestam crises de ansiedade com as reviravoltas e momentos de tensão dos últimos episódios. “Quando ‘Ansiedade Causada por Breaking Bad‘ vai ganhar um código próprio no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais?”, brincou a internauta americana Maris Kreizman.
– O protagonista, Bryan Cranston, ganhou o Emmy de melhor ator três vezes seguidas entre 2008 e 2010.